O presidente nacional do PT, Rui Falcão, confirmou nesta quinta-feira
(12) que o partido decidiu se associar às entidades do movimento social
que estão convocando um Plebiscito Popular pela Constituinte Exclusiva,
previsto para ocorrer em setembro de 2014, durante a Semana da Pátria. O
anúncio foi feito durante o 5º Congresso do PT, em Brasília. “Ao mesmo
tempo em que lutamos no Congresso, o PT apoia todas as iniciativas
voltadas para uma reforma política que acabe com o peso do poder
econômico nas eleições, que amplie a participação das mulheres na vida
política nacional e que aprofunde a participação popular nos processos
políticos”, destacou o dirigente petista, reafirmando decisão que havia
sido tomada no Diretório Nacional do partido, reunido em São Paulo no
dia 18 de novembro de 2013.
Rui Falcão qualificou a Constituinte Exclusiva como “um instrumento
fundamental para a realização de uma efetiva reforma política, como a
presidenta Dilma e o PT defenderam no curso das manifestações populares
de junho”. Além da reforma política, o presidente do PT anunciou que o
partido vai se mobilizar por “outras reformas decisivas e urgentes: como
a reforma urbana, a ampliação da reforma agrária e a aceleração de uma
reforma tributária progressiva, que desonere a produção e os salários”.
A democratização da comunicação, segundo o dirigente, será outra
prioridade do PT no próximo período: “numa época em que o mundo muda não
apenas a sua forma de se comunicar, mas quando é a própria forma de se
comunicar que muda o mundo, não podemos deixar de participar ativamente
da formulação das políticas de aprimoramento e avanços do setor de
comunicação”.
Nessa agenda estão o marco civil da Internet e a “necessidade
inadiável de se promover a democratização da mídia, com a regulamentação
dos artigos da Constituição que asseguram a liberdade de expressão, o
pluralismo, a diversidade, e que proíbem, taxativamente, a existência de
monopólios e oligopólios”. “Não nos deixaremos intimidar, jamais, por
certas vozes poderosas que tentam confundir, deliberadamente, o sagrado
direito de liberdade de expressão com o espúrio desejo de expressão
exclusivo de seus interesses”, afirmou ainda Rui Falcão.
A iniciativa do plebiscito popular conta, até agora, com o apoio de
86 movimentos sociais de todo o país, que estão definindo um cronograma
de mobilizações e debates em todo o Brasil até a coleta de votos que
ocorrerá entre 1º e 7 de setembro de 2014. O plebiscito não tem valor
legal, mas pretende funcionar como um espaço de articulação e
mobilização de milhões de pessoas em todas as regiões do país em favor
de uma Constituinte Exclusiva para realizar a eternamente adiada reforma
política. As organizações que patrocinam a iniciativa já produziram uma
cartilha sobre o tema e os objetivos do plebiscito.
Em junho deste ano, como resposta às manifestações que tomaram as
ruas de diversas cidades do país, a presidenta Dilma Rousseff propôs a
convocação de uma constituinte exclusivamente para debater e fazer a
reforma política. A ideia foi prontamente bombardeada no Congresso pelas
mesmas forças conservadoras que vem barrando, há anos, a aprovação de
uma reforma no sistema político do país. A presidenta não falou mais no
assunto, mas os movimentos sociais se articularam e resolveram, no mês
seguinte, retomar a proposta e propor uma mobilização nacional em torno
dela.
Como funcionaria uma Constituinte Exclusiva para a Reforma Política?
Em linhas gerais, ocorreriam eleições diretas para que a população
pudesse eleger representantes e formar uma assembleia com a atribuição
de discutir a mudança do sistema político brasileiro. Pela proposta dos
movimentos sociais, nesse processo, as campanhas dos candidatos já
teriam financiamento público, voto em lista e paridade entre gêneros
(mesmo número de homens e mulheres em cada chapa).
A Constituinte eleita seria soberana e tomaria decisões que não
dependeriam do aval do Congresso para avançar. “Não adianta nada você
tirar uma série de propostas e mandar para a Câmara e o Senado, que
barraram as outras. Se for assim, teremos arremedos como essa
minirreforma recente, que preserva o financiamento privado e permite que
os candidatos continuem sendo eleitos com o patrocínio de grandes
empresas e, claro, tenham o rabo preso com elas”, defende o diretor
executivo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Júlio Turra.
Para os movimentos sociais que estão patrocinando a proposta do
plebiscito, a reforma do sistema político deve atuar em duas frentes: no
aperfeiçoamento da democracia representativa, com a reforma do sistema
eleitoral, e também no fortalecimento da democracia direta, incentivando
mecanismos como a realização de referendos e plebiscitos.
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