A declaração do governador José Ivo Sartori de que vai cortar o ponto
dos servidores estaduais paralisados por três dias repercutiu
negativamente entre as principais lideranças sindicais do funcionalismo
público estadual; "É mais uma piada dele. Botou mais gasolina na
fogueira", avalia Leonel Lucas, presidente da Associação Beneficente
Antonio Mendes Filho (Abamf), que representa os servidores de nível
médio da Brigada Militar
Luís Eduardo Gomes, Sul 21
- A declaração do governador José Ivo Sartori na noite de terça-feira
de que vai cortar o ponto dos servidores estaduais paralisados por três
dias repercutiu negativamente entre as principais lideranças sindicais
do funcionalismo público estadual.
“É mais uma piada dele. Botou mais gasolina na fogueira”, avalia
Leonel Lucas, presidente da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho
(Abamf), que representa os servidores de nível médio da Brigada Militar.
Por outro lado, ele avalia que a declaração só incentiva mais a
adesão à paralisação. “Isso não é nada. Um camarada que já atrasou o
salário… Quando paga, acha que é uma grande coisa… Só incentiva mais o
movimento”, afirmou.
Em resposta à grande mobilização das categorias do funcionalismo,
que, de forma unificada, decidiram não trabalhar ou realizar operação
padrão de hoje até sexta, o governador Sartori fez uma declaração de
três minutos, sem direito a perguntas, em que anunciou que o ponto de
quem fizer greve será cortado. Além disso, afirmou que está fazendo um
“grande esforço” para pagar o funcionalismo em dia, mas não garantiu que
isso ocorrerá no final deste mês, admitindo a possibilidade de um novo
parcelamento.
Para a vice-presidente do Centro de Professores do Rio Grande do Sul
(Cpers), Solange Carvalho, a declaração de Sartori demonstra falta de
habilidade política.
“O governador realmente não tem habilidade política nenhuma para
tratar com os movimentos sociais. Ontem foi mais uma demonstração”,
disse. “Em vez de o governador receber, começar um diálogo com mais de
40 categorias, ele simplesmente não recebe e coloca que vai fazer
cortes”.
Na avaliação de Solange, Sartori está adotando uma tática de promover
o “terrorismo” contra os servidores e tentando colocar a sociedade
contra o funcionalismo público. “Ele coloca o tempo todo como se a folha
de pagamento fosse a responsável pela crise do Estado”.
Isaac Ortiz, presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e
Investigadores de Polícia (Ugeirm), classificou a declaração de Sartori
como uma bobagem. “Antes de o governador dizer uma bobagem dessas de
cortar o ponto, ele tem que saber como funciona a Polícia Civil. Nós
trabalhamos de manhã, de tarde, de noite e de madrugada”, disse. “O que
ele não sabe é que ele tem um passivo de muitos dias de trabalho sem a
remuneração. Em vez de cortar o ponto, ele tem que nos dizer quando vai
pagar as horas extras, que são muitas e muitas”, completou.