16 de outubro de 2012

Eleições 2012 em Camaquã "O Rei Está Nú" - Por Tiago Centeno

"O REI ESTÁ NU !"...Convido meus caros amigos a refrescar a memória lembrando um conto do dinamarquês Hans Christian Andersen, escrito em 1837, que aos meus olhos é um paralelo excelente para a análise do motivo central que leva João Carlos Machado (JCM) à vitória em Camaquã. Andersen contava que um bandido, anunciando-se alfaiate de terras longínquas, afirma ao rei que poderia fazer um traje muit
o bonito e caro, mas que somente os bastante astutos e inteligentes poderiam enxergá-lo. O rei, do alto de sua vaidade, gostou da proposta e assim pediu que o alfaiate fizesse uma roupa dessas para ele.O meliante recebeu de vossa alteza numerosos baús repletos de jóias, rolos de linha de ouro, seda e os mais diversos materiais raros e exóticos, necessários, segundo o bandido, para a confecção da roupa. Ele escondeu todos os tesouros e passou dias em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todos alegavam ver, receosos de parecerem estúpidos.Eis que, em um determinado dia, o rei cansa e ordena a um de seus ministros que tragam o falso alfaiate e o trabalho prometido.A mesa de trabalho vazia, apontada pelo falso tecelão, recebeu as seguintes exclamativas do rei: “Que maravilhosas vestes ! Que belo trabalho !”, embora não houvesse nada além de uma modesta mesa, pois admitir que nada via seria a admissão, diante de seus súditos, que não possuía inteligência e capacidade necessária para ocupar o trono.A nobreza que o cercava fingia incontida admiração pelo trabalho do bandido, passando assim a falsa idéia de competência e capacidade. O charlatão acertou que as roupas em breve estariam prontas e o rei anunciou uma grande parada na cidade para apresentar ao povo as vestes especiais. Em meio à multidão “crédula”, uma criança desmascara a farsa: “O rei está nu !”. A manifestação, escutada por todos, tem como sequência um rei que se encolhe, desconfiando da veracidade da afirmação, mas segura a pose e segue a procissão.
 
Camaquã assistiu, no último pleito municipal, a vitória constrangedora de JCM, que arranca para a disputa como largo favorito e encerra a campanha com mísero 1% de diferença diante de Copes. A nobreza e seus súditos fiéis consideravam o rei imbatível e a reta final do processo revelou que a maioria da população camaqüense rejeitou vossa alteza – a soma dos votos de José Carlos Copes e Fábio Renner suplantam a votação de JCM. Ancorado no mantra da honestidade e da competência, tendo como bordão o arrogante “Todos por Camaquã”, JCM desconfia que a campanha começa a fazer água. Após sentir o golpe da população que compra a idéia do “prefeito de meio mandato” e anunciar desastrosamente a venda da prefeitura municipal, caso eleito, o rei e seus ministros detectam o forte crescimento de Copes e partem para um silencioso ataque, que se agudiza na última semana que antecede o pleito. A cartilha da moral e dos bons costumes é rasgada para garantir a vitória.Vandalismo (destruição de placas dos adversários por sua militância), agressões promovidas por seus militantes, mentiras ( quem não lembra do comício de 8.000 pessoas e da pesquisa manipulada ?), uso da máquina ( patrolamentos coincidentes com a realização de seus comícios ), denúncia de crime eleitoral ( distribuição de cestas através da prefeitura), tentativas de impugnação de Copes às vésperas da eleição, uso e abuso do poder econômico ( comprou e distribuiu gratuitamente tiragem extra de um tablóide local, cuja edição sonegava informações da oposição ) e o próprio candidato invadindo as secções eleitorais no dia da eleição, criando sério constrangimento ao eleitor, são alguns episódios promovidos.Imagine o mais que não pode ter ocorrido e o que se encontra, ainda, encoberto, quando sobram recursos e faltam escrúpulos. 
 
Assim, o resultado refletiu a ação bárbara e desesperada de JCM. Alguns pretensos ingênuos, companheiros de jornada e campanha do rei alegam que os números finais revelam a vontade da maioria ( ? ), o reflexo do mensalão ( ? ) e a extrema competência ( ? ) do mesmo. Acredite se quiser. Estamos diante de um governo que iniciará quebrando, em campanha, a promessa de um padrão de seriedade e zelo com a coisa pública, para decepção dos camaqüenses. Pede agora que o ódio - atitude que partiu de seus militantes - fique para trás, e que todos trabalhem por Camaquã, atribuindo para si o papel de pacificador. Vossa alteza não pode continuar pensando que no reino não existe trajes melhores que os seus, desejando que todos vejam nele o mais bem vestido cidadão de Camaquã. A roupa caiu – junto com o rótulo de baluarte da moral e da ética. A cidade merece uma explicação.


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