Congresso Nacional, 1º de janeiro de 2015
Senhoras e Senhores,
Senhor presidente do Senado Federal, Renan Calheiros,
Senhor vice-presidente da República, Michel Temer,
Senhor presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves,
Senhoras e senhores Chefes de Estado, Chefes de Governo, Vice-chefes
de Estado e Vice-chefes de governo que me honram com suas presenças aqui
hoje.
Senhor presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski,
Senhores e senhores chefes das missões estrangeiras e embaixadores acreditados junto ao meu governo,
Senhoras e senhores ministros de Estado,
Senhoras e senhores governadores,
Senhoras e senhores senadores,
Senhoras e senhores deputados federais,
Senhoras e senhores representantes da imprensa,
Meus queridos brasileiros e brasileiras.
Volto a esta Casa com a alma cheia de alegria, de responsabilidade,
de esperança. Sinto alegria por ter vencido os desafios e honrado o nome
da mulher brasileira. O nome de milhões de mulheres guerreiras,
mulheres anônimas que voltam a ocupar, encarnadas na minha figura, o
mais alto posto dessa nossa grande nação.
Encarno, também, outra alma coletiva que amplia ainda mais a minha
responsabilidade e a minha esperança. O projeto de nação que é detentor
do mais profundo e duradouro apoio popular da nossa história
democrática. Esse projeto de nação triunfou e permanece devido aos
grandes resultados que conseguiu até agora, e que porque também o povo
entendeu que este é um projeto coletivo e de longo prazo. Este projeto
pertence ao povo brasileiro e, mais do que nunca, é para o povo
brasileiro e com o povo brasileiro que vamos governar.
A partir do extraordinário trabalho iniciado pelo governo do
presidente Lula, continuado por nós, temos hoje a primeira geração de
brasileiros que não vivenciou a tragédia da fome. Resgatamos 36 milhões
da extrema pobreza e 22 milhões apenas em meu primeiro governo.
Nunca tantos brasileiros ascenderam às classes médias. Nunca tantos
brasileiros conquistaram tantos empregos com carteira assinada. Nunca o
salário mínimo e os demais salários se valorizaram por tanto tempo e com
tanto vigor. Nunca tantos brasileiros se tornaram donos de suas
próprias casas. Nunca tantos brasileiros tiveram acesso ao ensino
técnico e à universidade. Nunca o Brasil viveu um período tão longo sem
crises institucionais. Nunca as instituições foram tão fortalecidas e
respeitadas e nunca se apurou e puniu com tanta transparência a
corrupção.
Em nossos governos, cumprimos o compromisso fundamental de oferecer a
uma população enorme de excluídos, de pessoas excluídas, os direitos
básicos que devem ser assegurados a qualquer cidadão: o direito de
trabalhar, de alimentar a sua família, de educar e acreditar em um
futuro melhor para seus filhos. Isso que era tanto para uma população
que tinha tão pouco, tornou-se pouco para uma população que conheceu,
enfim, governos que respeitam e que a respeitam, e que realmente se
esforçam para protegê-la.
A população quis que ficássemos porque viu o resultado do nosso
trabalho, compreendeu as limitações que o tempo nos impôs e concluiu
que podemos fazer muito mais. O recado que o povo brasileiro nos mandou
não foi só de reconhecimento e de confiança, foi também um recado de
quem quer mais e melhor.
Por isso, a palavra mais repetida na campanha foi mudança e o tema
mais invocado foi reforma. Por isso, eu repito hoje, nesta solenidade de
posse, perante as senhoras e os senhores: fui reconduzida à Presidência
para continuar as grandes mudanças do país e não trairei este chamado. O
povo brasileiro quer mudanças, quer avançar e quer mais. É isso que
também eu quero. É isso que vou fazer, com destemor mas com humildade,
contando com o apoio desta Casa e com a força do povo brasileiro.
Este ato de posse é, antes de tudo, uma cerimônia de reafirmação e
ampliação de compromissos. É a inauguração de uma nova etapa neste
processo histórico de mudanças sociais do Brasil.
Faço questão, também, de renovar, nesta Casa, meu compromisso de
defesa permanente e obstinada da Constituição, das leis, das liberdades
individuais, dos direitos democráticos, da mais ampla liberdade de
expressão e dos direitos humanos.
Queridos brasileiros e brasileiras,
Em meu primeiro mandato, o Brasil alcançou um feito histórico:
superamos a extrema pobreza. Mas, como eu disse - e sei que é a
convicção e a expectativa de todos os brasileiros -, o fim da miséria é
apenas um começo. Agora é a hora de prosseguir com o nosso projeto de
novos objetivos. É hora de melhorar o que está bom, corrigir o que é
preciso e fazer o que o povo espera de nós.
Sim, neste momento, ao invés de simplesmente garantir o mínimo
necessário, como foi o caso ao longo da nossa história, temos, agora,
que lutar para oferecer o máximo possível. Vamos precisar, governo e
sociedade, de paciência, coragem, persistência, equilíbrio e humildade
para vencer os obstáculos. E venceremos esses obstáculos.
O povo brasileiro quer democratizar, cada vez mais, a renda, o
conhecimento e o poder. O povo brasileiro quer educação, saúde, e
segurança de mais qualidade. O povo brasileiro quer ainda mais
transparência e mais combate a todos os tipos de crimes, especialmente a
corrupção e quer ainda que o braço forte da justiça alcance a todos de
forma igualitária.
Eu não tenho medo de encarar estes desafios, até porque sei que não
vou enfrentá-los sozinha, não vou enfrentar esta luta sozinha. Sei que
conto com o apoio dos senhores e das senhoras parlamentares, legítimos
representantes do povo neste Congresso Nacional. Sei que conto com o
apoio do meu querido vice-presidente Michel Temer, parceiro de todas as
horas. Sei que conto com o esforço dos homens e mulheres do Judiciário.
Sei que conto com o forte apoio da minha base aliada, de cada liderança
partidária de nossa base e com os ministros e as ministras que estarão, a
partir de hoje, trabalhando ao meu lado pelo Brasil. Sei que conto com o
apoio de cada militante do meu partido, o PT, e da militância de cada
partido da base aliada, representados aqui pelo mais destacado militante
e maior líder popular da nossa história, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Sei que conto com o apoio dos movimentos sociais e dos
sindicatos; e sei o quanto estou disposta a mobilizar todo o povo
brasileiro nesse esforço para uma nova arrancada do nosso querido
Brasil.
Assim como provamos que é possível crescer e distribuir renda, vamos
provar que se pode fazer ajustes na economia sem revogar direitos
conquistados ou trair compromissos sociais assumidos. Vamos provar que
depois de fazermos políticas sociais que surpreenderam o mundo, é
possível corrigir eventuais distorções e torná-las ainda melhores.
É inadiável, também, implantarmos práticas políticas mais modernas,
éticas e, por isso, mesmo mais saudáveis. É isso que torna urgente e
necessária a reforma política. Uma reforma profunda que é
responsabilidade constitucional desta Casa, mas que deve mobilizar toda a
sociedade na busca de novos métodos e novos caminhos para nossa vida
democrática. Reforma política que estimule o povo brasileiro a retomar
seu gosto e sua admiração pela política.
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Neste momento solene de posse é importante que eu detalhe algumas
ações e atitudes concretas que vão nortear nosso segundo mandato.
As mudanças que o país espera para os próximos quatro anos dependem
muito da estabilidade e da credibilidade da economia. Isso, para nós
todos, não é novidade. Sempre orientei minhas ações pela convicção sobre
o valor da estabilidade econômica, da centralidade do controle da
inflação e do imperativo da disciplina fiscal, e a necessidade de
conquistar e merecer a confiança dos trabalhadores e dos empresários.
Mesmo em meio a um ambiente internacional de extrema instabilidade e
incerteza econômica, o respeito a esses fundamentos econômicos nos
permitiu colher resultados positivos. Em todos os anos do meu primeiro
mandato, a inflação permaneceu abaixo do teto da meta e assim vai
continuar.
Na economia, temos com o que nos preocupar, mas também temos o que
comemorar. O Brasil é hoje a 7ª economia do mundo, o 2º maior produtor e
exportador agrícola, o 3º maior exportador de minérios, o 5º país que
mais atrai investimentos estrangeiros, o 7º país em acúmulo de reservas
cambiais e o 3º maior usuário de internet.
Além disso, é importante notar que a dívida líquida do setor público é
hoje menor do que no início do meu mandato. As reservas internacionais
estão em patamar histórico, na casa dos US$ 370 bilhões. Os
investimentos estrangeiros diretos atingiram, nos últimos anos, volumes
recordes.
Mais importante: a taxa de desemprego está nos menores patamares já
vivenciados na história de nosso país. Geramos 5 milhões e 800 mil
empregos formais em um período em que o mundo submergia no desemprego.
Porém queremos avançar ainda mais e precisamos fazer mais e melhor!
Por isso, no novo mandato vamos criar, por meio de ação firme e
sóbria, firme e sóbria na economia, um ambiente ainda mais favorável aos
negócios, à atividade produtiva, ao investimento, à inovação, à
competitividade e ao crescimento sustentável. Combateremos sem trégua a
burocracia. Tudo isso voltado para o que é mais importante e mais
prioritário: a manutenção do emprego e a valorização, muito
especialmente a valorização do salário mínimo, que continuaremos
assegurando.
Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer. Os
primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas
públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a
elevação da produtividade da economia. Faremos isso com o menor
sacrifício possível para a população, em especial para os mais
necessitados. Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de
todos os direitos trabalhistas e previdenciários.
Temos consciência que a ampliação e a sustentabilidade das políticas
sociais exige equidade e correção permanente de distorções e eventuais
excessos. Vamos, mais uma vez derrotar a falsa tese que afirma existir
um conflito entre a estabilidade econômica e o crescimento do
investimento social, dos ganhos sociais e do investimento em
infraestrutura.
Ao falar dos desafios da nossa economia, faço questão de deixar uma
palavra aos milhões de micro e pequenos empreendedores do Brasil. Em meu
primeiro mandato, aprimoramos e universalizamos o Simples e ampliamos a
oferta de crédito para os pequenos empreendedores.
Quero, neste novo mandato, avançar ainda mais. Pretendo encaminhar ao
Congresso Nacional um projeto de lei criando um mecanismo de transição
entre as categorias do Simples e os demais regimes tributários. Vamos
acabar com o abismo tributário que faz os pequenos negócios terem medo
de crescer. E sabemos que, se o pequeno negócio não cresce, o país
também não cresce. Nos dedicaremos, ainda, a ampliar a competitividade
do nosso país e de nossas empresas.
Daremos prioridade ao desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da
inovação, estimulando e fortalecendo as parcerias entre o setor
produtivo e nossos centros de pesquisa e universidades.
Um Brasil mais competitivo está nascendo também, a partir dos maciços
investimentos em infraestrutura, energia e logística. Desde 2007, foram
duas edições do Programa de Aceleração do Crescimento - o PAC-1 e o
PAC-2 -, que totalizaram cerca de R$ 1 trilhão e 600 bilhões em
investimentos em milhares de kms de rodovias, ferrovias; em obras nos
portos, nos terminais hidroviários e nos aeroportos. Em expansão da
geração e da rede de transmissão de energia. Em obras de saneamento e
ligações de energia do Luz para Todos.
Com o Programa de Investimentos em Logística, demos um passo adiante,
construímos parcerias com o setor privado, implementando um novo modelo
de concessões que acelerou a expansão e permitiu um salto de qualidade
de nossa logística. Asseguramos concessões de aeroportos e de milhares
de km de rodovia e a autorização para terminais privados nos portos.
Agora, vamos lançar o 3º PAC, o 3º Programa de Aceleração do
Crescimento e o segundo Programa de Investimento em Logística. Assim, a
partir de 2015 iniciaremos a implantação de uma nova carteira de
investimento em logística, energia, infraestrutura social e urbana,
combinando investimento público e, sobretudo, parcerias privadas. Vamos
aprimorar os modelos de regulação do mercado, garantir que o mercado
privado de crédito de longo prazo, por exemplo, se expanda. Garantir
também que haja sustentação para os projetos de financiamento de grande
vulto.
Reafirmo ainda meu compromisso de apoiar estados e municípios na tão
desejada expansão da infraestrutura de transporte coletivo em nossas
cidades. Está em andamento na realidade uma carteira de R$ 143 bilhões
em obras de mobilidade urbana por todo o Brasil.
Assinalo que, neste novo mandato, daremos especial atenção à
infraestrutura que vai nos conduzir ao Brasil do futuro: a rede de
internet em banda larga. Em 2014, em um esforço conjunto com este
Congresso Nacional, demos ao Brasil uma das legislações mais modernas do
mundo na área da internet, o Marco Civil da Internet. Reitero aqui meu
compromisso de, nos próximos quatro anos, promover a universalização do
acesso a um serviço de internet em banda larga barato, rápido e seguro.
Quero reafirmar ainda o compromisso de continuar reduzindo os
desequilíbrios regionais, impulsionando políticas transversais e
projetos estruturantes, especialmente no Nordeste e na região da
Amazônia. Foi decisivo mitigar o impacto desta prolongada seca no
semi-árido nordestino, mas mais importante será a conclusão da nova e
transformadora infraestrutura de recursos hídricos perenizando mais de
1.000 km de rios, combinada com o importante investimento social em mais
de um milhão de cisternas.
Senhoras e Senhores,
Gostaria de anunciar agora o novo lema do meu governo. Ele é simples,
é direto e é mobilizador. Reflete com clareza qual será a nossa grande
prioridade e sinaliza para qual setor deve convergir o esforço de todas
as áreas do governo. Nosso lema será: BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA!
Trata-se de lema com duplo significado. Ao bradarmos "BRASIL, PÁTRIA
EDUCADORA" estamos dizendo que a educação será a prioridade das
prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do
governo, um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de
ética e um sentimento republicano.
Só a educação liberta um povo e lhe abre as portas de um futuro
próspero. Democratizar o conhecimento significa universalizar o acesso a
um ensino de qualidade em todos os níveis – da creche à pós-graduação;
Significa também levar a todos os segmentos da população – dos mais
marginalizados, aos negros, às mulheres e a todos os brasileiros a
educação de qualidade.
Ao longo deste novo mandato, a educação começará a receber volumes
mais expressivos de recursos oriundos dos royalties do petróleo e do
fundo social do pré-sal. Assim, à nossa determinação política se somarão
mais recursos e mais investimentos.
Vamos continuar expandindo o acesso às creches e pré-escolas
garantindo para todos, o cumprimento da meta de universalizar, até 2016,
o acesso de todas as crianças de 4 e 5 anos à pré-escola. Daremos
sequência à implantação da alfabetização na idade certa e da educação em
tempo integral. Condição para que a nossa ênfase no ensino médio seja
efetiva porque através dela buscaremos, em parceria com os estados,
efetivar mudanças curriculares e aprimorar a formação dos professores.
Sabemos que essa é uma área frágil no nosso sistema educacional.
O Pronatec oferecerá, até 2018, 12 milhões de vagas para que nossos
jovens, trabalhadores e trabalhadoras tenham mais oportunidades de
conquistar melhores empregos e possam contribuir ainda mais para o
aumento da competitividade da economia brasileira. Darei especial
atenção ao Pronatec Jovem Aprendiz, que permitirá às micro e pequenas
empresas contratarem um jovem para atuar em seu estabelecimento.
Vamos continuar apoiando nossas universidades e estimulando sua
aproximação com os setores mais dinâmicos da nossa economia e da nossa
sociedade. O Ciência Sem Fronteiras vai continuar garantindo bolsas de
estudo nas melhores universidades do mundo para 100 mil jovens
brasileiros.
Queridas e queridos brasileiros e brasileiras
O Brasil vai continuar como o país líder, no mundo, em políticas
sociais transformadoras. Aos beneficiários do Bolsa Família
continuaremos assegurando o acesso às políticas sociais e a novas
oportunidades de renda. Destaque será dado à formação profissional dos
beneficiários adultos e à educação das crianças e dos jovens.
Com a terceira fase do Minha Casa, Minha Vida contrataremos mais 3
milhões de novas moradias, que se somam aos 2 milhões de moradias
entregues até 2014 e às 1 milhão e 750 mil moradias que estão em
construção e que serão entregues neste segundo mandato.
Na saúde, reafirmo nosso compromisso de fortalecer o SUS. Sem dúvida,
a marca mais forte do meu governo, no primeiro mandato, foi a
implantação do Mais Médicos, que levou o atendimento básico de saúde a
mais de 50 milhões de brasileiros, nas áreas mais vulneráveis do nosso
país. Persistiremos, ampliando as vagas em graduação e em residência
médica, para que cada vez mais jovens brasileiros possam se tornar
médicos e assegurar atendimento ao povo brasileiro. Neste segundo
mandato, vou implantar o Mais Especialidades para garantir o acesso
resolutivo e em tempo oportuno aos pacientes que necessitem de consulta
com especialista, exames e os respectivos procedimentos.
Assumo, com todas as brasileiras e brasileiros, o compromisso de
redobrar nossos esforços para mudar o quadro da segurança pública em
nosso país. Instalaremos Centros de Comando e Controle em todas as
capitais, ampliando a capacidade de ação de nossas polícias e a
integração dos órgãos de inteligência e das forças de segurança pública.
Reforçaremos as ações e a nossa presença nas fronteiras para o combate
ao tráfico de drogas e de armas com o Programa Estratégico de
Fronteiras, realizado em parceria entre as Forças Armadas e as polícias
federais, entre o Ministério de Defesa e o Ministério da Justiça.
Vou, sobretudo, propor ao Congresso Nacional alterar a Constituição
Federal, para tratar a segurança pública como atividade comum de todos
os entes federados, permitindo à União estabelecer diretrizes e normas
gerais válidas para todo o território nacional, para induzir políticas
uniformes no país e disseminar a adoção de boas práticas na área
policial.
Senhoras e senhores,
Investimos muito e em todo o país sem abdicar, um só momento, do
nosso compromisso com a sustentabilidade ambiental, a sustentabildiade
ambiental do nosso desenvolvimento. Um dado explicita este compromisso:
alcançamos, nos quatro anos de meu primeiro mandato, as quatro menores
taxas de desmatamento da Amazônia.
Nos últimos 4 anos, o Congresso Nacional aprovou um novo Código
Florestal e implementamos o Cadastro Ambiental Rural, o CAR. Vamos
aprofundar a modernização de nossa legislação ambiental e, já a partir
deste ano, nos engajaremos fortemente nas negociações climáticas
internacionais para que nossos interesses sejam contemplados no processo
de estabelecimento dos parâmetros globais de redução de emissões.
Nossa inserção soberana na política internacional continuará sendo
marcada pela defesa da democracia, pelo princípio de não-intervenção e
respeito à soberania das nações, pela solução negociada dos conflitos,
pela defesa dos Direitos Humanos, e pelo combate à pobreza e às
desigualdades, pela preservação do meio ambiente e pelo
multilateralismo. Insistiremos na luta pela reforma dos principais
organismos multilaterais, cuja governança hoje não reflete a atual
correlação de forças global.
Manteremos a prioridade à América do Sul, América Latina e Caribe,
que se traduzirá no empenho em fortalecer o Mercosul, a Unasul e a
Comunidade dos Países da América Latina e do Caribe (Celac), sem
discriminação de ordem ideológica. Agradeço, inclusive, a presença de
meus queridos colegas e governantes da América Latina aqui presentes. Da
mesma forma será dada ênfase a nossas relações com a África, com os
países asiáticos e com o mundo árabe.
Com os Brics, nossos parceiros estratégicos globais - China, Índia,
Rússia e África do Sul –, avançaremos no comércio, na parceria
científica e tecnológica, nas ações diplomáticas e na implementação do
Banco de Desenvolvimento dos Brics e na implementação também do acordo
contingente de reservas.
É de grande relevância aprimorarmos nosso relacionamento com os
Estados Unidos, por sua importância econômica, política, científica e
tecnológica, sem falar no volume de nosso comércio bilateral. O mesmo é
válido para nossas relações com a União Européia e com o Japão, com os
quais temos laços fecundos.
Em 2016, os olhos do mundo estarão mais uma vez voltados para o
Brasil, com a realização das Olimpíadas. Temos certeza que mais uma vez,
como aconteceu na Copa, vamos mostrar a capacidade de organização do
Brasil e, agora, numa das mais belas cidades do mundo, o nosso Rio de
Janeiro.
Amigos e amigas,
Tudo que estamos dizendo, tudo que estamos propondo converge para um
grande objetivo: ampliar e fortalecer a democracia, democratizando
verdadeiramente o poder. Democratizar o poder significa lutar pela
reforma política, ouvir com atenção a sociedade e os movimentos sociais e
buscar a opinião do povo para reforçar a legitimidade das ações do
Executivo. Democratizar o poder significa combater energicamente a
corrupção. A corrupção rouba o poder legítimo do povo. A corrupção
ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros
honestos e de bem. A corrupção deve ser extirpada.
O Brasil sabe que jamais compactuei com qualquer ilícito ou malfeito.
Meu governo foi o que mais apoiou o combate à corrupção, por meio da
criação de leis mais severas, pela ação incisiva e livre de amarras dos
órgãos de controle interno, pela absoluta autonomia da Polícia Federal
como instituição de Estado, e pela independência sempre respeitada
diante do Ministério Público. Os governos e a Justiça estarão cumprindo
os papéis que se espera deles: se punirem exemplarmente os corruptos e
os corruptores.
A luta que vimos empreendendo contra a corrupção e, principalmente,
contra a impunidade, ganhará ainda mais força com o pacote de medidas
que me comprometi durante a campanha, e me comprometo a submeter à
apreciação do Congresso Nacional ainda neste primeiro semestre.
São cinco medidas: transformar em crime e punir com rigor os agentes
públicos que enriquecem sem justificativa ou não demonstrem a origem dos
seus ganhos; modificar a legislação eleitoral para transformar em crime
a prática de caixa 2; criar uma nova espécie de ação judicial que
permita o confisco dos bens adquiridos de forma ilícita ou sem
comprovação; alterar a legislação para agilizar o julgamento de
processos envolvendo o desvio de recursos públicos; e criar uma nova
estrutura, a partir de negociação com o Poder Judiciário que dê maior
agilidade e eficiência às investigações e processos movidos contra
aqueles que têm foro privilegiado.
Em sua essência, essas medidas têm o objetivo de garantir processos e
julgamentos mais rápidos e punições mais duras, mas jamais poderão
agredir o amplo direito de defesa e o contraditório; jamais poderão
significar a condenação prévia sem defesa de inocentes.
Estou propondo um grande pacto nacional contra a corrupção, que
envolve todas as esferas de governo e todos os núcleos de poder, tanto
no ambiente público como no ambiente privado.
Senhoras e Senhores,
Como fiz na minha diplomação, quero agora me referir a nossa
Petrobras, uma empresa com 86 mil empregados dedicados, honestos e
sérios, que teve, lamentavelmente, alguns servidores que não souberam
honrá-la, sendo atingidos pelo combate à corrupção.
A Petrobras já vinha passando por um vigoroso processo de
aprimoramento de gestão. A realidade atual só faz reforçar nossa
determinação de implantar, na Petrobras, a mais eficiente e rigorosa
estrutura de governança e controle que uma empresa já teve no Brasil.
A Petrobras é capaz disso e capaz de muito mais. Ela se tornou a
maior empresa do mundo em capacitação técnica para a prospecção de
petróleo em águas profundas. Daí resultou a maior descoberta de petróleo
deste início de século – as jazidas do pré-sal -, cuja exploração, que
já é realidade, vai tornar o Brasil um dos maiores produtores de
petróleo do planeta.
Temos muitos motivos para preservar e defender a Petrobras de
predadores internos e de seus inimigos externos. Por isso, vamos apurar
com rigor tudo de errado que foi feito e fortalecê-la cada vez mais.
Vamos, principalmente, criar mecanismos que evitem que fatos como estes
possam voltar a ocorrer. O saudável empenho da Justiça, de investigar e
punir, deve também nos permitir reconhecer que a Petrobras é a empresa
mais estratégica para o Brasil e a que mais contrata e investe no país.
Temos, assim, que saber apurar e saber punir, sem enfraquecer a
Petrobras, nem diminuir a sua importância para o presente e para o
futuro. Não podemos permitir que a Petrobras seja alvo de um cerco
especulativo de interesses contrariados com a adoção do regime de
partilha e da política de conteúdo nacional, partilha e política de
conteúdo nacional que asseguraram ao nosso povo o controle sobre nossas
riquezas petrolíferas. A Petrobras é maior do que quaisquer crises e,
por isso, tem capacidade de superá-las e delas sair mais forte.
Queridos brasileiros e queridas brasileiras,
O Brasil não será sempre um país em desenvolvimento. Seu destino é
ser um país desenvolvido e justo, e é este destino que estamos
construindo e buscando cada vez mais, com o esforço de todos, construir.
Uma nação em que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades: de
estudar, trabalhar, viver em condições dignas na cidade ou no campo. Um
país que respeita e preserva o meio ambiente e onde todas as pessoas
podem ter os mesmos direitos: à liberdade de informação e de opinião, à
cultura, ao consumo, à dignidade, à igualdade independentemente de raça,
credo, gênero ou sexualidade.
Dedicarei obstinadamente todos os meus esforços para levar o Brasil a
iniciar um novo ciclo histórico de mudanças, de oportunidades e de
prosperidade, alicerçado no fortalecimento de uma política econômica
estável, sólida, intolerante com a inflação, e que nos leve a retomar
uma fase de crescimento robusto e sustentável, com mais qualidade nos
serviços públicos. Assumo aqui um compromisso com o Brasil que produz e
com o Brasil que trabalha.
Reafirmo também o meu respeito e a minha confiança no Poder
Judiciário, no Congresso Nacional, nos partidos e nos representantes do
povo brasileiro. Reafirmo minha fé na política, na política que
transforma para melhor a vida do povo. Peço aos senhores e às senhoras
parlamentares que juntemos as mãos em favor do Brasil, porque a maioria
das mudanças que o povo exige tem que nascer aqui, na grande casa do
povo.
Meus amigos e minhas amigas,
Já estive algumas vezes um pouco perto da morte e destas situações saí uma pessoa melhor e mais forte.
Sou ex-opositora de um regime de força que provocou em mim dor e me
deixou cicatrizes, mas não tenho nenhum revanchismo. Mas este processo
jamais destruiu em mim o sonho de viver num país democrático e a vontade
de lutar e de construir este país cada vez melhor. Por isso, sempre me
emociono ao dizer que eu sou uma sobrevivente. Também enfrentei doenças
mas, se me permitem, quero dizer mais: pertenço a uma geração vencedora.
Uma geração que viu a possibilidade da democracia no horizonte e viu
ela se realizar.
Essas duas características, elas me aproximam do povo brasileiro -
ele também, um sobrevivente e um vitorioso, que jamais abdica de seus
sonhos. Luta para realizá-los.
Deus colocou em meu peito um coração cheio de amor pela minha pátria.
Antes de tudo, o que a música cantava, um coração valente, não é que a
gente não tem medo de nada, a gente controla o medo. Um coração que
dispara no peito com a energia do amor, do sonho e, sobretudo, com a
possibilidade de construir um Brasil desenvolvido. Eu não tenho medo de
proclamar para vocês que nós vamos vencer todas as dificuldades, porque
temos a chave para vencê-las, vencer todas as dificuldades.
Esta chave pode ser resumida num verso, e esse verso tem, de uma certa forma, sabor de oração, que diz o seguinte:
"O impossível se faz já; só os milagres ficam para depois".
Muito Obrigada.
Viva o Brasil e viva o povo brasileiro!
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