12 de janeiro de 2015

Primeiras medidas de Sartori são de austeridade

Primeira semana do governo de José Ivo Sartori (PMDB) deu concretude às palavras do seu secretário da Fazenda, Giovani Feltes: “a sociedade gaúcha irá se deparar com momentos de dificuldade com os quais jamais viveu”; receita da austeridade e dos cortes começou a ser aplicada; dúvida, especialmente entre os atingidos pela tesoura, é se a promessa de “gastar nas pessoas que mais precisam” será, de fato, cumprida; professores, policiais e fornecedores manifestaram preocupação com o impacto dessas medidas e alertaram para possíveis problemas no curto prazo envolvendo as áreas da segurança e da educação

Marco Weissheimer, do Sul 21 - Suspensão de pagamentos de fornecedores, congelamento de concursos e de nomeações de aprovados em concursos, cortes de horas extras, suspensão de promoções e contratações : a primeira semana do governo de José Ivo Sartori (PMDB) deu concretude às palavras do seu secretário da Fazenda, Giovani Feltes: “a sociedade gaúcha irá se deparar com momentos de dificuldade com os quais jamais viveu”.

Em seu discurso de posse na Assembleia Legislativa, Sartori anunciou que tomaria “medidas corajosas” para enfrentar o problema da dívida do Estado: “O Rio Grande do Sul precisa de medidas corajosas no presente. Essa é a minha missão”, afirmou o novo chefe do Executivo gaúcho, defendendo ainda que o Estado não pode gastar mais do que arrecada. Sartori disse também que cortará “os gastos ruins” para “gastar nas pessoas, especialmente nas que mais precisam”.
Nesta primeira semana de governo, a receita da austeridade e dos cortes começou a ser aplicada. A dúvida, especialmente entre os atingidos pela tesoura, é se a promessa de “gastar nas pessoas que mais precisam” será, de fato, cumprida. Nos primeiros dias de governo, professores, policiais e fornecedores manifestaram preocupação com o impacto dessas medidas e alertaram para possíveis problemas no curto prazo envolvendo as áreas da segurança e da educação.
Redução do número de policiais nas ruas – A decisão do governo estadual de reduzir em 40% o total de horas extras dos PMs deve reduzir o número de policiais nas ruas, segundo avaliação do presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar (ABAMF), Leonel Lucas. “De cada cinco brigadianos, quatro fazem hora extra. Cabe lembrar que hoje temos um déficit que varia de 11 a 12 mil brigadianos. De onde vão arrumar brigadianos com esse corte das horas extras?”, pergunta Lucas.
Congelamento da nomeação de aprovados em concursos – As duas mil pessoas aprovadas em concurso público para integrar a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros não serão chamadas para os cursos preparatórios, conforme informações do novo comandante da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas. Os últimos concursos públicos para essas corporações aprovaram 1,6 mil pessoas para o policiamento ostensivo e 400 para os Bombeiros. As 120 promoções de oficiais previstas para 2015 também serão adiadas.
Atraso na contratação de salva-vidas: Os 90 salva-vidas civis, cujo treinamento deve terminar neste domingo, não tem garantia de que serão contratados para começar o trabalho nesta próxima semana. A dúvida se deve ao decreto do governador limitando contratações pelo Estado. O comando do Corpo dos Bombeiros disse que os salva-vidas serão contratados, mas admitiu que essa contratação pode atrasar.
Nomeação de 650 novos policiais é incerta – O novo governo ainda não se manifestou sobre o futuro dos 650 policiais aprovados no mais recente concurso público da Policia Civil que foram convocados pelo então governador Tarso Genro, no final de dezembro de 2014. Os novos policiais temem que o congelamento atinja suas nomeações.
Suspensão de pagamentos pode provocar demissões – Sindicatos de empresas que prestam serviços ao Estado advertiram que a suspensão do pagamento de fornecedores pode provocar milhares de demissões e paralisação de obras no Estado. Segundo Ricardo Sessegolo, presidente do Sinduscon, a suspensão vai gerar atraso ou cancelamento de obras ou reparos em escolas e presídios, podendo até afetar o calendário escolar. O Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Rio Grande do Sul (Sindasseio) prevê até 20 mil demissões entre prestadores de servidores com a suspensão dos pagamentos por 180 dias.
Problemas no início do ano letivo – O Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS/Sindicato) manifestou preocupação com prejuízos no início do ano letivo, devido à possibilidade de suspensão de nomeações de professores e funcionários de escola concursados, das contratações temporárias e da limitação das convocações. Em visita surpresa à sede da entidade, o governador Sartori garantiu que as medidas de contenção de despesas não afetarão o início das aulas.
As primeiras medidas do novo governo, alertou o CPERS, podem resultar na falta de infraestrutura das instituições escolares, como a suspensão da contratação de obras e o repasse de verbas. Além disso, preocupa a possibilidade de interrupção na contratação de convênios para a formação continuada dos educadores. Durante a primeira semana do seu governo, José Ivo Sartori procurou evitar entrevistas, o que provocou a reclamação de vários jornalistas nas redes sociais. Há muitas dúvidas ainda sobre quais áreas entrarão na quota da “excepcionalidade” e escaparão dos cortes. Nas próximas semanas, o impacto de medidas como corte de horas extras, suspensão de pagamentos de fornecedores e congelamento de nomeações indicará se o novo governo conseguirá cumprir a promessa de “gastar nas pessoas que mais precisam”.

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