10 de maio de 2011

CREAS realiza Seminário abordando a violência contra a mulher

O Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS setor ligado à Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social promoveu seu primeiro Seminário com o tema Violência Contra a Mulher – Mordaça Feminina – A Cultura do Silêncio.
O evento reuniu diversos setores que trabalham diretamente com esta situação como o Hospital N. S. Aparecida, as Secretarias Municipais de Trabalho e Ação Social, Saúde e Educação, a Delegacia de Polícia, o Fóro, a Câmara de Vereadores, entidades e escolas a fim de debater esta importante questão e articular esta rede em favor das vítimas de violência. A secretária municipal do Trabalho e Ação Social comemora o evento como um grande avanço: “Fico muito feliz com a realização deste seminário e principalmente pela discussão deste problema que precisa ser discutido pela sociedade”.
Inicialmente a equipe do Hospital composta pela assistente social Ana Maria Gomes, o enfermeiro Klaus Stigger e a supervisora administrativa Carla Siemianko, apresentou o tema Marcas da Dor. “Quando existe a violência é porque algo está errado, vários fatores desencadeiam este comportamento como o álcool, as drogas ilegais e o ciúme ”, argumenta Ana. Ela entende que muitas mulheres seguem com o agressor pois dependem dele de diversas formas: financeiramente, emocionalmente, pelos filhos e até por vergonha. “Quando atendemos uma mulher com marcas de agressão procuramos ajudá-la através da orientação do exame de corpo de delito, mas muitas desistem de preencher o formulário”, conta Klaus.
A psicóloga do CREAS Laís Bazzo abordou o problema ressaltando a influência histórica e cultural: “São conceitos que estão arraigados em nossa consciência, o homem é visto como o senhor da sociedade e a mulher em um lugar mais baixo, de menos valor, o casamento para muitas mulheres é uma questão de status quo, entre os filhos há registro de que as meninas apanham mais que os meninos, e esta é uma realidade muito triste”, avalia Laís. Ela acredita que isto já vem da infância, pois a mulher é valorizada pela sociedade pela fragilidade, pelo seu silêncio e pela sua sensualidade o que revela uma cultura focada no homem. “Para uma mulher ir contra tudo isto e denunciar o abuso que vem sofrendo é muito difícil, ela tem medo da solidão, do desconhecido e por isso prefere seguir na realidade que está acostumada e com a qual já sabe lidar”, explica.
O vereador José Carlos Copes, membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Veradores, falou sobre o Resgate dos Direitos e ressaltou a educação como o grande diferencial para a solução do problema: “Acredito que tudo depende de como vamos educar nossos filhos, principalmente nossos filhos homens, para que respeitem a mãe, a irmã e as outras mulheres, assim teremos um novo homem, uma nova mulher e com isso novas relações humanas”, cita.

Desistência e impunidade

Em sua fala, a delegada de polícia Karoline Calegari expôs o problema da desistência da vítima na hora da denúncia como uma das dificuldades em punir o agressor. “O índice de mulheres vítimas de agressão e que desistem logo após a denúncia é muito grande e não podemos seguir com o processo contra a vontade delas”, lamenta. Ela afirma que o posto de atendimento à mulher será reativado em breve, sendo o primeiro passo para ter uma delegacia especializada em Camaquã. Ela informa que o número 197 pode ser ligado em casos de denúncia de abusos e agressões.
Já, a explanação da juíza de direito da Vara Crime Geovanna Rosa, versou sobre a aplicação da Lei Maria da Penha que prevê medidas protetivas à mulher vítima de violência. Ela elogiou a realização do evento e salientou que é importantíssimo que se crie uma rede de apoio para ajudar estas famílias vítimas de violência, principalmente quando o agressor é usuário de crack : “É fundamental levar apoio àquela mulher que é vítima e oferecer tratamento ao drogadicto a fim de tratar do problema lá no início”, destaca.
A coordenadora do CREAS, Catiane Rodrigues Heiden, conta que o tema Seminário foi escolhido para possibilitar a discussão e avaliar o que pode ser realizado na prevenção e atendimento voltado às mulheres vítimas de violência: “Este ano será dedicado à questão da violência contra a mulher, em 2011 o CREAS pretende trabalhar para que tenhamos uma rede articulada e focada neste problema tão sério”, enfatiza. Na próxima semana será realizada uma reunião envolvendo os representantes de cada setor a fim de dar andamento ao debate e articular o atendimento às vítimas de forma integral: “É importante que essa mulher seja atendida no todo em não vista em partes como ocorre hoje”, destaca.

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