
Presidenta  antecipou assuntos que pretende pautar na conferência das Nações Unidas  sobre desenvolvimento | Foto: Ramiro Furquim/Sul21.com.br
Samir Oliveira
Não era campanha eleitoral, mas as bandeiras de partidos políticos  aliados ao Palácio do Planalto dominavam o interior do ginásio  Gigantinho na noite desta quinta-feira (26), em Porto Alegre. O local  recebeu milhares de participantes do Fórum Social Temático que desejavam  ouvir a presidente Dilma Rousseff (PT), principal integrante do painel Diálogos entre governos e sociedade civil.
Num breve discurso, a presidente antecipou o que pretende pautar na  conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento, a chamada Rio +20,  que ocorrerá na cidade do Rio de Janeiro em junho deste ano. Dilma  garantiu que utilizará a ocasião, quando estarão reunidos chefes de  Estado do mundo inteiro, para defender um novo modelo de  desenvolvimento.
“O que estará em discussão é um modelo capaz de contemplar  crescimento e redução de emprego, participação social e ampliação dos  direitos”, resumiu. A presidente explicou que desenvolvimento  sustentável “significa crescimento acelerado da economia, criação de  empregos formais, expansão e distribuição de renda”.

Dilma  Rousseff evitou uso da palavra "neoliberalismo", mas não poupou as  "receitas fracassadas" que geraram crise econômica mundial | Foto:  Ramiro Furquim/Sul21.com.br
Para ela, o país precisa “criar um amplo mercado de bens de consumo  de massas para dar sustentação interna ao desenvolvimento”. Dilma  observou, ainda, que deseja “transformar o Brasil cada vez mais num país  de classe média”.
A presidente não poupou críticas aos países desenvolvidos em seu  discurso. Sem utilizar uma única vez a expressão “neoliberalismo”, Dilma  culpou as “receitas fracassadas” impostas na América Latina nos anos  1980 e 1990 pela crise. “Essas mesmas receitas estão agora sendo  novamente postas em prática na Europa. Em grande parte do mundo  desenvolvido busca-se enfrentar a crise com medidas fiscais regressivas,  que têm consequencias sociais e ambientais nefastas”, condenou.
Dilma lembrou que, atualmente, a América Latina vem construindo  “respostas progressistas e democráticas aos desequilíbrios  internacionais”. “Nossos países crescem enquanto outras partes do mundo  vivem a estagnação. Nossos países reduzem a pobreza e a desigualdade  social, enquanto em outras regiões direitos são perdidos. Nossos países  não sacrificam a soberania frente a pressões de potências, grupos  financeiros ou agências de classificação de risco”, orgulhou-se.
 Para a presidente, o agravamento da crise financeira na Europa pode  colocar em risco a própria democracia nos países do continente. “A  dissonância entre a voz dos mercados e a voz das ruas parece aumentar  cada vez mais nos países desenvolvidos, colocando em risco não apenas as  conquistas sociais, mas a própria democracia”, alertou.
Para a presidente, o agravamento da crise financeira na Europa pode  colocar em risco a própria democracia nos países do continente. “A  dissonância entre a voz dos mercados e a voz das ruas parece aumentar  cada vez mais nos países desenvolvidos, colocando em risco não apenas as  conquistas sociais, mas a própria democracia”, alertou.Citando especificamente o Brasil, Dilma lembrou que, hoje em dia, o  país não precisa mais de milagres econômicos para se inserir  positivamente no contexto global. “O lugar que o Brasil ocupa hoje no  mundo não é consequência de nenhum milagre econômico, como acontecia no  passado. É resultado da escolha do povo brasileiro, que soube optar por  um outro caminho”, considerou.
Diplomata boliviano critica “privatização da natureza”
O ex-embaixador da Bolívia na ONU, Pablo Solón, discursou antes da presidente Dilma Rousseff no evento Diálogos entre governos e sociedade civil  e, diferente da sucessora, tocou exclusivamente na questão ambiental.  Diplomata do governo de Evo Morales, Solón criticou duramente a  concepção capitalista do meio ambiente.
“O capitalismo nos leva a tratar a natureza como se fosse um objeto  que pode ser mercantilizado sem nenhuma consequência”, criticou. O  ex-embaixador disse esperar que, na conferência Rio +20, os chefes de  Estado “reconheçam que a natureza tem suas próprias leis e que o homem,  através da atividade econômica, as está violando”.
Solón alerta que há um projeto global de “privatização da natureza”,  referindo-se à tentativa de se abrir mercados na chamada “economia  verde”. “Juntos, assim como derrotamos a Alca, venceremos os ataques  daqueles que querem privatizar a natureza”, conclamou.
Oposição também esteve presente e cobrou veto ao Código Florestal
Além das bandeiras dos partidos aliados ao governo federal – bem como  de centrais sindicais mais dóceis ao Palácio do Planalto -, o  Gigantinho recebeu na noite desta quinta-feira (26) grupos políticos de  oposição à presidente Dilma Rousseff (PT).
Posocionados numa ala das arquibancadas bastante próxima ao palco,  militantes do PSOL e do PSTU portavam cartazes exigindo o veto da  presidente ao novo Código Florestal e condenando a violenta desocupação  da comunidade de Pinheirinho, promovida pelo governo paulista de Geraldo  Alckmin (PSDB).
Nos poucos momentos em que as caixas de som não ressoavam as vozes  das autoridades, quando um relativo silêncio reinava no ambiente, o  grupo começava a gritar: “Sou Pinheirinho! Não abro mão! Abaixo a  repressão!”. Os manifestantes chegaram, inclusive, a vaiar falas da  própria presidente Dilma, que pareceu não se incomodar com os protestos.
 

 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário!!