24 de janeiro de 2012

“Vamos focalizar para que Dom Feliciano tenha uma estrutura de irrigação substancial”

“Vamos focalizar para que Dom Feliciano tenha uma estrutura de irrigação substancial”, diz Prefeito


A administração municipal acompanha a situação gerada pela estiagem em Dom Feliciano e decidiu reunir, em 16 de janeiro, a Comissão Municipal de Defesa Civil- COMDEC, Secretaria de Desenvolvimento Rural, EMATER, técnicos de companhias fumageiras, Cooperativa Agropecuária Centro-Sul–COOPACS, associações e bancos para avaliações.  O prefeito Clenio Boeira afirmou que as regiões mais atingidas estão ao sul do município. Acompanhe entrevista, veiculada no Programa O Mundo do Tabaco, da Rádio Comunitária Integração.

Mundo do Tabaco: Qual é a situação no município?

Clenio Boeira: Existem perdas consolidadas, ou seja, não tem reversão. Estimamos uma redução de cerca de 80% da produção de feijão do município. A questão do milho é um pouco diferente. O plantado mais tarde está num estágio, no qual ainda é possível reverter. Temos também perda na produção de leite e, principalmente, problemas sérios no abastecimento de água no interior. Estamos retomando a abertura de cacimbas. No ano passado, abrimos mais de 200 para ampliar o abastecimento de água nas propriedades. Então, existem motivos e perdas suficientes para decretarmos situação de emergência no município. 

Quais medidas são tomadas a partir desta decisão?

Partimos agora para elaboração do decreto de situação de emergência, que será assinado segunda-feira (24), e também a elaboração de um documento chamado NOPRED - Notificação Prévia de Desastre. Este documento será encaminhado para a Defesa Civil do Estado que fará uma avaliação e, logo adiante, encaminharemos outro, chamado AVADAN– Avaliação dos Danos para quantificar as perdas. 

Quem vai estimar as perdas? 

São os técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Rural, da EMATER e também de outras entidades. Montamos uma comissão, formada por seis membros representando as entidades presentes na reunião. 

De alguma forma, essa situação vai afetar o desenvolvimento dos programas de diversificação da produção?
Afeta. A bacia leiteira, por exemplo, tem uma estimativa de quebra de 25% na produção. As famílias que estão produzindo para a Alimentação Escolar, para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que vai começar a ser implantado pela COOPACS, juntamente com a Associação Padre Constantino, são afetadas.
E o cultivo de pepinos para conserva poderá ser prejudicado?
Um dos critérios, no momento em que selecionamos os quatorze produtores participantes para produção dos 50 mil pés de pepino, foi justamente a água. Não existe pepino sem irrigação.
O programa Irrigando a Agricultura Familiar entra como aliado nesse processo?
Dom Feliciano precisa de uma estrutura de irrigação substancial, que seja representativa. É um processo longo que precisamos trabalhar. O nosso Programa Mais Peixe atende 60 famílias. Estamos em processo de construção dos açudes, vamos receber uma escavadeira hidráulica no início de fevereiro para acelerar esse processo. Também teremos uma segunda etapa do programa de açudagem – para qual contaremos com o governo do Estado. O Irrigando a Agricultura Familiar contempla também a piscicultura, buscando criar reservatórios de água nas propriedades.
Quem pode participar desse programa?
Famílias que possuam a DAP– Declaração de Aptidão do PRONAF, e tenham terras tituladas. Estamos tentando com o secretário Ivar Pavan resolver essa questão da titulação. Muitas vezes são posseiros que não possuem a propriedade da terra.  As famílias interessadas podem obter informações na Secretaria de Desenvolvimento Rural Sustentável e Meio Ambiente ou a EMATER.
 O objetivo é construir quantos reservatórios?

Pelo menos 100 açudes. Com os 60 que estão sendo construídos pelo programa Mais Peixe, teremos 160 novas unidades de armazenamento de água no município. Com isso, as famílias passam a ter a sua reserva d’água, a trabalhar com irrigação, seja na produção de alimentos ou na fumicultura. 

Na reunião, estavam presentes funcionários das empresas fumageiras. Qual a avaliação deles sobre a produção? Haverá queda significativa na produção de tabaco em Dom Feliciano?

O que podemos concluir da conversa que tivemos com os orientadores é que a parte sul do município, da RS350 para baixo, é mais prejudicada que a parte Norte, da RS350 pra cima. Mas, muitas vezes no tabaco a qualidade dá mais retorno financeiro que a quantidade. Tudo envolve mercado. Se o mercado é comprador, a tendência é um retorno maior. Ano passado, foi de muita produção, mas baixa qualidade e preço ruim. Fica muito complicado estabelecer percentual de perdas no fumo. Com relação a estimativa de produção, calculamos que a quebra fique em torno de 10 a 15%. 

Existe problema de abastecimento de água até para o consumo humano?

Sim e também desdobramentos como a raiva que acontece em algumas regiões. Não é preciso nenhum tipo de pânico, mas precisam vacinar o gado. O custo da vacina é baixo. Essa é outra consequência do problema da seca.

Diversificação da Produção

Como surgiu a meta de agregar renda à família no campo?
 
 É foco do nosso governo. Queremos o município produzindo alimentos, sem nenhum prejuízo na questão da fumicultura. A produção de pepinos está nos abrindo um leque importante de negócios. Vamos operar com mercado garantido. A fábrica Bom Princípio comprará nossa produção. Assinamos um contrato com eles, um termo de compromisso, no qual existem três partes: a Bom Princípio se compromete a comprar toda nossa produção, a Prefeitura, a dar assistência técnica e apoio, através do Programa Mais Produção, e a COOPACS, a comercialização. Alguns vão aproveitar a estrutura da uva para esse novo cultivo.

Texto: Leandro Junhkerr Porto
Luciane Godinho da Silva - Mtb 8006
Foto: Eduardo Silva

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