22 de outubro de 2011
Planejamento zero - Por Alex Soares
Dos políticos locais de certo relevo, um me chama atenção pela vontade que possui de ser prefeito. É um desejo público, forte e antigo. Isolo aqui as reciprocidades passadas e diferenças presentes da nossa convivência. Mas isso não vem ao caso. Mais do que odiado ou querido, preciso ser leal. O acho treinado burocraticamente. Já politicamente, é um ninja. É também probo. Não tenho dúvida de que esse perfil reverteria em vantagens locais. Mas a questão é que ele não será prefeito. Pelo menos não nos próximos cinco anos.
Falo do eletricitário aposentado e vereador Ludgero Marques. Sua condição é uma prova próxima da falta de inteligência e de planejamento partidário. Ele é do PMDB, partido cuja propensão para automutilação impressiona, o faz diferente. Marques é vítima, mas também algoz deste histórico processo interno. O mesmo veneno que Marques ajudou a fabricar para sobreviver ao longo da militância, hoje ele prova. Não é o único.
Visto de longe, é surpreendente ver um partido que manda numa prefeitura não ter candidato à reeleição. De perto, as explicações aparecem. No caso de Ludgero Marques, a soma da fragilidade partidária à combinação de três fatores foram cruciais: o primeiro deles é não ter tido a simpatia de João Machado. O segundo foi a fracassada troca de partido que fez em 2002, quando ajudou Antônio Britto a achar que era maior que o PMDB. O fogo amigo o acusou e ainda lembra deste arroubo de infidelidade. O terceiro fator chama-se Ernesto Molon, que não fez força alguma neste seis anos para ter um sucessor correligionário.
“E essa carência de estratégia não é apenas peemedebista. O PP sofre disso, o PDT também”
Evoco o caso de Ludgero Marques porque ele se adéqua exatamente onde esta coluna quer chegar: é deprimente a pobreza de renovação ou fortalecimento de nomes da política local. E isso somente se dá porque os partidos trabalham errado. Erram os integrantes das executivas e dos diretórios ao focarem suas forças apenas na promoção de um nome ou do chefe maior. Quando começarem a explorar gradativamente potenciais quadros, as siglas ficarão mais competitivas. O que acontece é o contrário: se queima no nascedouro. E essa carência de estratégia não é apenas peemedebista. O PP sofre disso, o PDT também. É só olhar quem são os nomes destes partidos na última década e meia. Não tenho outra maneira de classificar isso se não de estagnação ou retrocesso.
Agora, em véspera de eleição, não adianta os partidos quererem compensar os equívocos. Até a metade do ano que vem, muitos salvadores serão lançados ao vento. Mas repito: esse é um trabalho meticuloso, que demanda tempo. Por aqui, só existe um partido que fez isso bem entre uma e outra eleição: foi o Partido dos Trabalhadores. Se o PT e José Carlos Copes não se arrependerem até a próxima primavera, os resultados podem ser surpreendentes - inclusive para ele.
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