28 de agosto de 2011

Grêmio vence Inter por 2 a 1 no Gre-Nal 388 e respira no Brasileirão

Um Gre-Nal é sempre a chance de se mudar a história. E o Grêmio conseguiu. Celso Roth conseguiu. Venceu o Inter por 2 a 1 neste domingo chuvoso no Olímpico com três meias, laterais avançados e rechaçou, pelo menos até o próximo jogo, a sua fama de "retranqueiro". Mais do que isso: lançando o time à frente, o técnico terminou seu jejum de 11 anos sem sucesso no clássico.

Foi um Gre-Nal bem jogado, cheio de alternativas e três gols. Mas com o Grêmio sempre em cima. Marquinhos abriu o placar, porém o interminável Índio empatou. No segundo tempo, Douglas, de pênalti, definiu o resultado e o retorno da paz pelos lados da Azenha, depois de duas derrotas consecutivas.

O resultado não alivia totalmente a situação do Grêmio. Ganhou uma posição, foi para o 15º posto do Brasileirão, com 21 pontos, três a mais que o Atlético-PR, o primeiro na zona de rebaixamento. O Inter segue em sétimo, com 27 pontos. O returno já começa na próxima quarta-feira. O Grêmio enfrenta o líder Corinthians fora de casa. Já o Inter recebe o Santos, de Ganso e Neymar.


Marquinhos abre o placar

Não houve retranca de Roth, o grande vencedor da etapa inicial. A diferença entre Grêmio e Inter estava na postura do meio-campo. O Grêmio se mostrou mais veloz, trocava menos passes, fazia tudo de primeira. Assim, chegava mais rápido à área rival. O Inter, com a saudável "ressaca" do título da Recopa, tinha toque de bola e menos pressa em finalizar.


Marquinhos abriu o placar no Olímpico
Foto: Diego Guichard 

A receita tricolor parecia mais eficaz. Aos 11 minutos, Muriel salvou o Inter em dois lances consecutivos. Primeiro, no erro de Índio, que jogou contra. Depois, no rebote, impediu André Lima de comemorar. Aos 16 minutos, no entanto, nem Muriel conseguiu intervir. Douglas, tímido em campo, tirou da cartola um lançamento preciso a Mário Fernandes, que chegou ao fundo e cruzou. Marquinhos, o homem-gol de Celso Roth (já são três gols no total), esticou a perna para abrir o placar.

Índio, sempre Índio

Até então inabalável, o Inter pareceu sentir o gol. Marquinhos tomou conta do meio-campo e organizou mais duas jogadas importantes do Grêmio. Até Leandro Damião, sempre calmo e tranquilo, fugiu da sua personalidade. Esbravejou como um D'Alessandro depois de o árbitro marcar uma falta sua sobre Saimon. A indignação do artilheiro colorado pareceu ter acordado o time de Dorival. Aos 26 minutos, Rochemback derrubou Andrezinho. A infração parecia longe do gol, mas a distância é relativa no pé direito de Oscar. O garoto levantou a bola na cabeça de Índio. Um mergulho e o seu sexto gol em Gre-Nais: 1 a 1.

Índio, novamente, marcou gol em Gre-Nal
Foto: Diego Guichard 

O ritmo alucinante do clássico não foi amainado com a festa dos visitantes. Pelo contrário. No minuto seguinte, os jogadores do Grêmio cercaram Marcelo de Lima Henrique. Queriam pênalti de Índio sobre Saimon. Não levaram, mas seguiram assustando.

Aos 31, a prova definitiva de que o gol de Índio não abalou os gremistas. Marquinhos emendou um lançamento primoroso para Escudero. O argentino ofereceu a bola a Fernando, que driblou Tinga, mas não conseguiu finalizar. graças a uma impensável recuperação do volante, 33 anos, correndo como guri. Aos 37, mais uma vez pela esquerda, Julio Cesar cruzou e André Lima desviou de cabeça, assustando Muriel. No minuto final, após passes de primeira entre Douglas, Marquinhos e Escudero, Julio Cesar rasgou a grande área, mas bateu com defeito.

Roth ousou e foi decisivo no clássico
Foto: Mauro Vieira

O primeiro tempo chegava ao fim com o placar igual e equilíbrio na posse de bola: 50% para cada. Mesmo assim, o sentimento no estádio apontava para uma equipe superior. Com mais chances de gol e velocidade no ataque, o Grêmio revertia expectativas e rumava ao vestiário fortalecido. E irritado. Rochemback reconheceu sua falha no gol de Índio, disse que deveria estar marcando o zagueiro.

— Bobeira minha — admitiu.

No lado colorado, não havia indignação. O Inter parecia satisfeito com o parcial 1 a 1.

— É justo — avaliou Andrezinho, sobre o resultado.

Times demoraram a acordar
O intervalo fez mal às equipes. O ritmo intenso da etapa inicial não se repetiu nos primeiros minutos do segundo tempo. Roth manteve o time, Dorival mexeu. Sacou Dellattorre, colocou Jô. Mas o marasmo foi quebrado por Mário Fernandes, aos 13 minutos. Além de seguro na defesa, voltou a incomodar no ataque. Recebeu de Escudero pela esquerda e colidiu com Muriel na área. Pênalti. Marcelo de Lima Henrique não marcou e ainda deu cartão amarelo ao gremista, que fica de fora do confronto com o líder Corinthians.

Mostrando frieza, Douglas definiu o clássico de pênalti
Foto: Fernando Gomes 

O lance revoltou o Grêmio, mas também incendiou o jogo. Aos 15, foi a vez de André Lima preocupar a zaga colorada. Antecipou-se a Bolívar em cruzamento e quase marcou. Mais uma vez, Muriel impediu. O Inter só foi comparecer ao ataque aos 22 minutos. Oscar se livrou da marcação e arriscou de longe. Victor, até então pouco testado, espalmou. Logo depois, foi a vez de um apagado Damião testar o goleiro. A chegada definitiva da chuva anunciava também o retorno do equilíbrio ao Gre-Nal.

Pênalti traz justiça ao clássico

Mas, aos 33 minutos, um novo lance polêmico mudaria de vez o Gre-Nal 388. Escudero, em boa tarde, ganhou a grande a área e Índio fechou a porta do argentino. O famoso "chega para lá" virou pênalti na avaliação de Marcelo de Lima Henrique, que já havia ignorado outras duas penalidades. O protesto colorado foi em vão. Douglas, frio como um gelo, estufou a rede de Muriel: 2 a 1 e um prêmio para a equipe mais ousada. Quem diria, essa foi a equipe de Celso Roth — e não do reconhecido ofensivista Dorival. O técnico respira aliviado. E a torcida gremista, mais ainda.


> FICHA TÉCNICA:
GRÊMIO 2 x 1 INTER

GRÊMIO
Victor, Mário Fernandes, Vilson (Edcarlos, aos 44'2T), Saimon e Julio Cesar; Fernando, Fábio Rochemback, Marquinhos (Leandro, aos 19'2T), Douglas e Escudero (William Magrão, aos 38'2T); André Lima. Técnico: Celso Roth.

INTER
Muriel, Glaydson, Bolívar, Índio e Kleber (Juan, aos 24'2T), Elton, Tinga (Ilsinho, aos 35'2T), Oscar e Andrezinho; Dellatorre (Jô, intervalo) e Leandro Damião. Técnico: Dorival Júnior.

Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (Fifa-RJ), auxiliado por Altemir Hausmann (Fifa-RS) e Júlio César Rodrigues Santos (RS)
Cartões amarelos: Fábio Rochemback e Mário Fernandes; Dellatorre, Índio, Jô, Elton e Bolívar
Gols: Marquinhos, aos 15'1T(1-0); Índio, aos 26'1T(1-1) e Douglas, aos 33'2T(2-1)

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