30 de agosto de 2011

O caso Naoumgate: o crime da Veja

O caso Watergarte nos EUA e o bom jornalismo

Em 18 de junho de 1972, o jornal Washington Post noticiava na primeira página o assalto do dia anterior à sede do Comitê Nacional Democrata, no Complexo Watergate, na capital dos Estados Unidos. Durante a campanha eleitoral, cinco pessoas foram detidas quando tentavam fotografar documentos e instalar aparelhos de escuta no escritório do Partido Democrata.
Bob Woodward e Carl Bemstein, dois repórteres do Wahington Post, começaram a investigar o então chamado caso Watergate. Durante muitos meses, os dois repórteres estabeleceram as ligações entre a Casa Branca e o assalto ao edifício de Watergate.

Richard Nixon foi eleito presidente em 1968 e reelegeu-se em 1972, com uma esmagadora vitória sobre o senador democrata George McGovem.
Foi durante esta campanha de 1972 que se verificou a incidente na sede do Comitê Nacional Democrático. Durante a investigação oficial que se seguiu, foram apreendidas fitas gravadas que demonstravam que o presidente tinha conhecimento das operações ilegais contra a oposição. Em 9 de agosto de 1974, quando várias provas já ligavam os atos de espionagem ao Partido Republicano, Nixon renunciou à presidência.
Este exemplo de jornalismo investigativo engrandeceu o papel da imprensa e foi retratado no cinema pelo filme “Todos os Homens do Presidente”, premiado com 4 Oscar.

Quando a imprensa é a criminosa

Em 2011 estoura na Inglaterra o escândalo em torno do tablóide inglês News of the World, um centenário jornal, que fechou após as denúncias de escutas telefônicas contra milhares de pessoas ao longo dos anos.
Tais exemplos poderiam servir para os órgãos da imprensa brasileira refletirem sobre suas atividades, no entanto, a Revista Veja desta semana, já abalada em sua credibilidade pelas denúncias nunca comprovadas e, muitas vezes, acintosamente mentirosas, reforça o seu jornalismo de esgoto ao protagonizar o Naoumgate de Brasília.
Um dos seus repórteres foi flagrado ao tentar invadir o apartamento do ex-ministro José Dirceu no Hotel Naoum. A direção do hotel denunciou-o à polícia e suspeita que o elemento tenha instalado câmeras nos corredores numa clara violação às leis.
A reportagem de capa do semanário ilustra com fotos o que seria o sistema de segurança a registrar a movimentação de políticos no hotel. Na verdade, a matéria, além de fantasiosa e suspeita, confirma o ato criminoso do repórter e da revista.
Antecedentes da Veja justificam a queda de sua circulação e a perda de credibilidade
Em 1989, o povo brasileiro reconquistava o direito de eleger o presidente da república depois dos terríveis anos da ditadura militar.
A brisa suave da democracia começava a entusiasmar a nação e dois nomes despontavam como fortes candidatos: Lula e Leonel Brizola.
A direita, mesmo depois de ter apoiado a sanguinária ditadura, não se fez de vencida e usou o seu partido político, travestido de grande mídia, para falar do jovem governador do Estado de Alagoas, Fernando Collor de Mello. Artistas globais e programas de televisão iniciaram uma campanha de exaltação do político, cuja família é dona da retransmissora alagoana da Rede Globo.
A Revista Veja faz a sua parte e estampa em sua capa de 23/03/1988: Collor de Mello – O Caçador de Marajás: Revista Veja.

A mentira estava instalada. Collor venceu Lula no 2º turno de uma eleição recheada de armações da mídia: debate da Globo, edições do Jornal Nacional, enfoque do seqüestro de Abílio Diniz, o caso de Miriam Cordeiro mãe de Lurian, filha de Lula.
Como toda mentira tem perna curta, o Caçador de Marajás revelou-se o maior de todos eles e foi deposto em 1992.
O cinismo da grande mídia cerrou-se num silêncio de quem diz não ter nada com isso.
O mesmo sentimento de impunidade, que estimula a prática de corruptos e criminosos, incentiva a imprensa antidemocrática e bandida que se acha acima de tudo e de todos, em nome da intocável liberdade de imprensa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça seu comentário!!