Crescem os protestos nos EUA contra o sistema financeiro. A polícia de Nova Iorque deteve 80 integrantes do “Occupy Wall Street” que participavam de um protesto na cidade. Outras 16 já pessoas haviam sido presas ao longo da semana, também por participaram de atos de protestos realizados de modo considerado ilegal pelas autoridades.
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Pelo que se verifica, a contestação começa a chegar ao centro deflagrador da crise mundial. Depois de eclodidos na Europa, manifestando-se nos países mais afetados pelos efeitos do desregramento do capital financeiro e suas ações especulativas, notadamente na Espanha, na Grécia, em Portugal e até mesmo no Reino Unido, os protestos chegam agora aos EUA e à Wall Strett. Seu objetivo é fazer ver ao mundo que Wall Street é o epicentro da crise, o local onde ela foi gerada e de onde se alastrou para o restante do planeta.
Dificilmente as manifestações em curso conseguirão provocar, a curto prazo, alterações significativas na política econômica norte-americana ou mesmo européias. Elas servem, entretanto, de contaponto do Tea Party e ao recrudescimento das políticas de direita nos países em crise e sinalizam com a possibilidade do crescimento do apoio popular à adoção de políticas de regulamentação do sistema financeiro e de efetivo combate à crise econômica.
Se Barack Obama, eleito com uma plataforma reformista e liberal-democrata (que nos EUA se assemelha à social-democracia), se vê encurralado pelos fundamentalistas do Partido Republicano, Nicolas Sarkosy, eleito com uma proposta direitista, enfrenta derrotas eleitorais sucessivas na França: primeiro nas eleições locais e agora nas eleições para o senado.
As consequências da crise começam a se tornar insuportáveis para as classes médias européias e norte-americanas. O desemprego não dá sinais de ceder e a economia insiste em não sair da estagnação. A emissão de dólares e sua desvalorização artificial têm se revelado ineficazes para reativar a produção e o consumo. A se manter assim a situação econômica nas EUA e na Europa, os protestos tenderão a crescer, fazendo com que os protestos, que hoje empolgam apenas os jovens e os segmentos mais diretamente atingidos pela crise, se espalhem para setores mais amplos da população.
Se a direita norte-americana e européia, que ainda controlam ou, ao menos, limitam a adoção de medidas que poderão levar à superação da crise econômica, não cederem e não pararem de obstacularizar as ações dos governos, as posições tenderão a se polarizar e os ânimos a se exaltar. Nunca é demais lembrar que foram as crises econômicas do final do século XIX e do início do século XX que forneceram o caldo de cultura para a radicalização política e a emergência dos movimentos comunista, de um lado, e fascista, de outro e, mais grave ainda, provocaram as duas grandes guerras mundiais, de 1914-1918 e de 1939-1945.
Que os protestos de Wall Street, assim como os da Espanha, da Grécia, de Portugal e também os da Primavera Árabe, no Oriente Médio, sirvam de alerta à direita radical e possam contribuir para que políticas efetivas de combate à crise e de controle dos capitais especulativos possam ser adotadas nos países desenvolvidos. Ainda que os países emergentes tenham, até aqui, se mantido imune à crise econômica, eles serão inevitavelmente atingidos se ela se mantiver por muito tempo. Interessa a todos, portanto, a superação da crise. Os protestos precisam ser ouvidos!
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