18 de novembro de 2011

CPERS x Governo do Estado: risco de perdas mútuas e possibilidade de ganhos coletivos

Governo e magistério público estadual perderão uma excelente oportunidade de iniciarem um ciclo virtuoso de entendimento e melhorias para a educação no Rio Grande do Sul, se o diálogo entre ambos for rompido e as negociações em curso forem suspensas, com a deflagração de uma greve de professores, hoje (18), durante a assembléia geral do CPERS.
O CPERS-Sindicato, reafirmando a postura que tem assumido nos últimos anos, nega-se a estabelecer qualquer tipo de negociação com a Secretaria Estadual de Educação que não implique na aceitação prévia das exigências impostas pelo sindicato. Ainda que seja louvável a defesa dos interesses da categoria, pois, afinal, este é o papel precípuo de qualquer entidade de classe, a intransigência absoluta fará com que se aprofundem as divergências existentes entre as partes e se postergue o estabelecimento de acordos que possam resultar em melhorias, ainda que parciais, para os professores e também para os seus alunos.
O governo do Estado por seu lado, talvez por não querer ceder às pressões do sindicato ou talvez por não ter como alterar o orçamento público do próximo ano, perde oportunidade importante, neste momento, de conquistar a categoria e, ao mesmo tempo, fazer avançar suas propostas. Se, conforme prometeu e reafirma o governador Tarso Genro, o governo pretende tanto atingir o pagamento do piso nacional dos professores até o final do mandato, quanto adotar um novo sistema de avaliação funcional dos professores e implantar um novo formato de ensino, por que não aproveitar a oportunidade e fazer tudo junto?
Uma alternativa seria pagar, a partir de janeiro de 2012, metade do que falta para atingir o piso nacional e, em contra partida, exigir a aceitação da implantação da primeira parte de seu projeto de regulamentação da carreira docente e de reformulação do ensino estadual. Se a educação é, de fato, prioridade, valeria a pena sacrificar o orçamento público estadual, antecipando aumentos para uma categoria de há muito sacrificada e vilipendiada em seus salários e, ao mesmo tempo, exigindo um melhor desempenho dos professores, a atualização da estrutura de suas carreiras e a melhoria do ensino que ministram aos seus alunos.
A hora é de negociação, não de confrontos. Pela primeira vez em muitos anos, governo e sindicato dos professores estaduais são dirigidos por integrantes do mesmo espectro de forças políticas. Por que jogar fora a oportunidade de entendimento e do estabelecimento de acordos que possam resultar em melhorias coletivas, ainda que parciais?

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