30 de novembro de 2011

Raul Pont, o novo e o moderno

Como se sabe, Raul Pont desistiu de concorrer à prefeitura de Porto Alegre. O candidato do PT será mesmo o deputado Adão Villaverde, atual presidente da Assembleia Legislativa. Raul não queria ser candidato. Entrou nessa em função do crescimento dentro do PT de Porto Alegre dos discursos contra a candidatura própria. Emprestou, mais uma vez, seu nome, sua cara e energia para garantir a candidatura própria. Teve a grandeza de sempre, tratada com desprezo e utilitarismo rasteiro pelos filisteus habituais que agora derretem-se em elogios ao “velho dinossauro”.
Sinceramente, não tenho mais nenhuma paciência, disposição ou, para usar um termo jurídico, saco, para escrever sobre a vida (sic) interna do PT. Como a inadequação é minha, vou enfiar a viola no saco e procurar a minha turma. Gostaria de fazer dois registros somente: em primeiro lugar, lembrar as palavras do historiador Russel Jacoby, no livro “o Fim da Utopia – Política e Cultura na era da Apatia” (Ed. Record): .
“O problema não é a derrota, mas o desânimo e a dissimulação intelectual, fingir que cada passo para trás ou para o lado significa dez passos à frente”.
E em segundo, mandar um grande abraço ao Raul Pont que, além de ser um quadro político de primeira grandeza da esquerda brasileira, é um homem extraordinário. A política é uma estrada cheia de armadilhas e desvios. Um dos ganhos em andar ao lado do Raul é a confiança e a fortaleza que se conquista para atravessar essa estrada. Pode-se até errar o caminho aqui e ali, mas não se perderá nunca de vista qual é o horizonte, como ele próprio lembrou no dia em que lançou sua pré-candidatura à prefeitura de Porto Alegre:
“Para nós, a democracia não fica velha, não se aposenta. Estamos vendo agora, na Europa e nos Estados Unidos, as pessoas pedindo democracia real, já. Elas não estão pedindo um novo aparelho tecnológico ou algo do tipo, estão pedindo democracia real. Porto Alegre tornou-se referência para o Fórum Social Mundial por causa disso e essa referência foi tão forte que hoje há redes de democracia participativa espalhadas por vários países. Isso é que é novo e moderno. O capitalismo é incapaz de sobreviver com democracia. Estamos vendo isso acontecer agora na Grécia, que foi impedida pelo mercado de realizar uma consulta junto à população. Somos internacionalistas, mas não podem os aceitar um sistema mundial dominado pelo capital financeiro. É por isso que não podemos ficar presos a mesquinharias e coisas pequenas”.

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