Samir Oliveira
O governador Tarso Genro está às vésperas de enfrentar a primeira greve geral do magistério durante seu mandato. O Cpers reúne os professores da rede pública estadual na tarde desta sexta-feira (18) para deliberar sobre a possibilidade de paralisação por tempo indeterminado.
A presidente do sindicato, Rejane de Oliveira, informa que dos 42 núcleos regionais do Cpers, 29 definiram por realizar uma greve. Seis optaram por não realizar o movimento, cinco querem uma greve somente em março e dois acatarão a decisão que for tomada pela maioria.
O magistério gaúcho, assim como em outros estados, reivindica o pagamento imediato do piso nacional de R$ 1.187,00 para uma jornada de 40 horas semanais – considerado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Rejane alega também que as propostas de reforma educacional defendidas pelo Palácio Piratini acirraram o descontentamento da categoria. “Até estávamos pacientes esperando o pagamento do piso. Mas as reformas que o governo quer fazer são uma afronta aos professores e jogam sob os nossos ombros as responsabilidades pelas mazelas da escola pública”, critica a presidente do Cpers, em referência a um sistema de promoções e avaliações que o governo pretende implantar.
“Que o Cpers não se lance na aventura de romper o diálogo”, pede o governador
O Palácio Piratini já se mobiliza diante da possibilidade de ter que enfrentar uma greve dos professores da rede pública estadual. Nesta quinta-feira (17), o governador Tarso Genro fez um apelo ao sindicato da categoria: “Estamos pedindo ao Cpers que não se lance na aventura de romper o diálogo conosco. Se quiserem virar as costas para nós, saibam que quando olharem para trás ainda estaremos de frente para conversar”, disse o petista durante cerimônia em que anunciou a liberação de R$ 44 milhões para a reforma de escolas.
O governador lamentou que estejam divulgando a informação de que ele teria dito que pagaria o piso nacional do magistério já no primeiro ano de governo – quando, na verdade, sempre sustentou que quitaria o compromisso ao longo dos quatro anos de mandato. “Isso é uma inverdade vergonhosa. Lastimo profundamente que essa informação esteja sendo divulgada, porque isso desautoriza a credibilidade de uma instituição que tem uma história respeitável de lutas como o Cpers”, criticou.
Tarso ressaltou, ainda, que se houver greve, ela será respeitada. Mas alertou que os professores não devem aderir à paralisação baseados em falsas informações. “Os trabalhadores têm o direito de entrar em greve, mas não entrem por informações falsas, entrem em greve conscientemente, se isso for um desejo da categoria”, defendeu.
“Greve é injusta, inoportuna e prejudica a sociedade”, dizem deputados petistas
A base aliada do governo estadual resolveu engrossar o coro em defesa do Palácio Piratini, diante da ameaça de uma greve no magistério gaúcho. Os líderes do PT, PSB, PCdoB, PDT, PTB e PRB convocaram uma coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (17) para reafirmarem o apoio às medidas adotadas pelo governador Tarso Genro na área educacional.
O deputado estadual Raul Pont disse que uma greve às vésperas do final do ano letivo é “inoportuna e irá atrapalhar a sociedade, as famílias e os alunos”. O petista lembrou que o orçamento de 2012 traz um aumento de R$ 1,1 bilhão para a educação, dos quais R$ 400 mil serão destinados à recomposição salarial dos professores – e outros R$ 100 mil podem ser incorporados ao montante.
A líder do governo na Assembleia Legislativa, deputada Miriam Marroni, disse que os parlamentares estão surpresos com a possibilidade de uma greve. “Essa ato nos surpreende, porque várias pautas foram atendidas. Lamentamos essa atitude do Cpers, que rompe com as negociações. Uma greve no final do ano letivo não é justa”, condenou a deputada.
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