11 de setembro de 2011

Em debate, o mundo dez anos depois do 11 de setembro

Não há quem não se lembre onde estava em 11 de setembro de 2011, quando dois aviões se chocaram contra as torres do World Trade Center em Nova York. Não há, também, quem não tenha uma teoria a respeito. E não há, por fim, quem não concorde que o mundo mudou nestes dez anos após os atentados – até mesmo quem havia decretado o fim da história.

Uma década após os ataques às torres gêmeas, os Estados Unidos se lançaram a guerras por “liberdade” no Oriente Médio, invadiram países, mataram Saddam Hussein e Osama Bin Laden, ao mesmo tempo em que o próprio país entrava em uma profunda crise econômica. Neste domingo, 11 de setembro de 2011, o mundo inteiro se dedica a homenagear as vítimas dos atentados, a refletir sobre as milhares de outras vítimas das invasões norte-americanas e a tentar compreender o que mudou – e o que deve mudar – no mundo.

Para contribuir com o debate, o Sul21,  fiel à sua vocação de veículo de comunicação aberto ao debate, convidou pesquisadores para escreverem artigos nos quais analisassem, a partir de seus pontos de vista e de suas áreas de interesse, o que mudou no mundo uma década depois. São sete artigos escritos por Lucas Pereira Rezende, Maurício Santoro, Maíra Kubík Mano, Marcelo Carneiro da Cunha, Renatho Costa, José Farhat e André Reis da Silva.


Boa leitura.


Os Estados Unidos e os desafios da superextensão


O professor de Relações Internacionais da Faculdades de Campinas (Facamp) Lucas Pereira Rezende conta como a longeva manutenção das tropas estadunidenses no Afeganistão, no Iraque e em outras partes do globo, aliadas à crise econômica podem levar os Estados Unidos da condição de potência unipolar mundial a um ambiente de multipolaridade ou bipolaridade. “A superextensão continua a ser o carro chefe da política externa do governo Obama – o que mostra a força da crença da presença dos Estados Unidos nas diversas regiões do mundo. A grande pergunta aqui colocada é: até quando a superextensão vai servir para manter, e não para minar, a posição de unipolaridade dos Estados Unidos no sistema internacional?”, questiona o professor. Leia o texto completo.

Do fim da história à guerra preventiva


O professor do MBA de Relações Internacionais da FGV Maurício Santoro mostra como o conceito de “fim da História” e a estratégia dos Estados Unidos de contenção diplomática de potências rivais deram lugar à ideia das “guerras preventivas” em países subdesenvolvidos. Guerras que, ao fim e ao cabo, não trouxeram quaisquer soluções nem para os Estados Unidos, nem para Iraque e Afeganistão, países devastados e sem perspectivas. “As multidões de jovens anônimos que derrubaram ditaduras na Tunísia, Egito e Líbia tornaram-se mais influentes do que as doutrinas dos Estados Unidos e do que os exércitos que atravessam o Oriente Médio”, escreve Maurício Santoro. Leia o texto completo.

A barbárie será televisionada


A jornalista Maíra Kubík Mano conta como a mídia hegemônica, em especial a norte-americana, transformou o pós-11 de setembro em uma luta do “bem” contra o “mal”, ainda que os Estados Unidos – o “bem” – faça e desfaça amigos no mundo árabe na conveniência de seus interesses estratégicos. “A lição poderia ter sido aprendida nessa década pós World Trade Center, mas aparentemente, ainda não conseguimos olhar criticamente para as parcas informações que recebemos de Fox News e cia., como bem nos mostra a Líbia”, afirma. Leia o texto completo.

O World Trade Center e eu, dez anos depois


O escritor e jornalista Marcelo Carneiro da Cunha, colunista do Sul21, estava em Nova York no dia 11 de setembro de 2011. “Não vi qualquer cena de descontrole naquele dia, os nova-iorquinos se comportaram bravamente. Havia mais choque do que dor, mais descrença do que raiva, havia um abismo e todos estávamos nele, de um jeito ou de outro”, relata. Para Marcelo, não houve vencedores na década após os atentados às Torres Gêmeas. “A maior sensação que tenho é a de que perdemos muito e não ganhamos absolutamente nada”, diz. Leia o texto completo.

Dez anos depois, o mundo segue brincando de 11 de setembro


Renatho Costa, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), fala sobre os equívocos da política externa norte-americana após os atentados, as transformações políticas no Oriente Médio e os impactos econômicos nos Estados Unidos, que se lançaram numa jornada de propaganda “respaldados” pelos ataques terroristas. “Entre mortos e feridos, o 11 de setembro representa a vulnerabilidade dos EUA, mas também sua capacidade hollywoodiana de construir uma propaganda ao seu favor”, diz o professor. Leia o texto completo.

Onze de setembro: dez anos depois


Para o cientista político José Farhat, diretor de relações nacionais e internacionais do Instituto da Cultura Árabe (Icarabe), os Estados Unidos perderam influência no Oriente Médio e agravaram a crise econômica com a série de invasões a países da região, como Iraque, Afeganistão. “Bin Ladin ainda viveu para ver um dos resultados das aventuras dos Estados Unidos e seus aliados nas guerras e interferências nos países árabes e muçulmanos que levaram diretamente para a crise econômica que começou em 2008 e só Allah sabe quando e se de fato terá solução”, afirma. Leia o texto completo.

A política externa brasileira após o 11 de setembro


André Reis da Silva, doutor em Ciência Política (UFRGS) e professor adjunto de Relações Internacionais do Departamento de Ciências Econômicas da UFRGS, analisa as transformações na política externa brasileira após os atentados de 11 de setembro de 2001. Para o professor, as críticas ao unilateralismo norte-americano começaram a ser reforçadas ainda no período de Fernando Henrique Cardoso. “Crescentemente, a política externa brasileira foi sofrendo uma inflexão, que no governo Lula teve como eixos centrais exatamente a defesa da multipolaridade, do fortalecimento dos paises em desenvolvimento e da América do Sul como uma zona de paz, bem como da crítica à política internacional das grandes potências”, aponta. Leia o texto completo.

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