Rachel Duarte
No mesmo dia em que Adeli Sell anunciou sua desistência da pré-candidatura à prefeitura de Porto Alegre, o PT fez seu primeiro contato com o PSD, tendo em vista uma possível coligação para a eleição municipal do ano que vem. Adeli e o vereador Mauro Pinheiro (PT) almoçaram com os vereadores do novo partido Nelcir Tessaro, Tarciso Flecha Negra e Bernardino Vendruscolo. No cardápio, as eleições de 2012. “Era uma agenda já marcada há 10 dias e foi a primeira do cronograma de conversas do PSD. Também iremos buscar o PCdoB”, afirmou Nelcir Tessaro ao Sul21.
Durante a primeira etapa do diálogo com o PT, o PSD sinalizou com o interesse em ocupar o posto de vice numa possível coligação. “Vamos fazer o nosso processo de interiorização este mês e estudaremos se eu ou o Danrlei (deputado federal) temos mais disponibilidade em se dedicar à capital”, falou Tessaro.
Ampliação e renovação
Ao desistir da pré-candidatura, Adeli Sell alegou que precisava de mais liberdade para coordenar o processo eleitoral. Ele ainda não oficializou se irá apoiar um dos outros candidatos do PT na disputa interna do partido. “Vou assumir o processo de costura das candidaturas, por isso tive que me isentar da disputa. Mas a decisão do candidato do PT será soberana dos militantes”, disse.
Representantes do PT afirmam que a desistência de Adeli fortalece o nome de Adão Villaverde, uma vez que ambos integram o mesmo campo político (Construindo um Novo Brasil). O presidente da Assembleia Legislativa colocou seu nome a disposição na última semana, mas a tendência é que a base do partido vá na direção do deputado estadual Raul Pont.
“Elogio o gesto do meu companheiro, que se manifestou colocando todo o seu esforço para coordenar o processo do PT rumo à prefeitura de Porto Alegre. Ele é um quadro consultor do partido desde o começo. Nós temos muita identidade política. Partilhamos da opinião de que o partido precisa renovar e ampliar suas relações políticas e sociais”, falou Adão Villaverde, dando o tom do possível apoio.
Sobre a possibilidade de aproximação com o PSD, Villaverde disse que o mais importante para levar o PT de volta a Prefeitura de Porto Alegre é o programa de governo. “O PT tem que apresentar uma proposta de renovação e ter muito diálogo e capacidade de ampliação”, disse.
Villaverde disse que não irá recuar em sua candidatura. “A minha candidatura já é de um conjunto de forças do partido. Isto é irreversível. Vamos até o fim na disputa interna. Queremos a renovação”, defendeu.
Recuperação da força do PT na capital
Já o deputado estadual Raul Pont considera que é precipitado pensar qualquer aproximação com qualquer sigla sem antes decidir pela candidatura própria do PT em Porto Alegre. “Ainda tem manifestações de apoio ao PDT e ao PCdoB dentro do partido. A minha candidatura simboliza os que desejam candidatura própria”, demarcou.
Segundo Pont, as correntes do PT se encaminham para uma convergência em torno da candidatura própria. E, caso isso se consolide, as conversas para buscar aliados se dará dentro do arco de partidos da base do governo Tarso. “A nossa prioridade é buscar os partidos que estão na coligação do Tarso Genro. PPL, PR, PRB, PTB. Por decisão no Congresso Nacional do PT deliberamos que não vamos ter aliança com o PPS, DEM e PSDB. O PSD surge de uma hora para outra, sem identificação ideológica e programática. Temos que analisar bem quem é este novo partido, para onde ele irá. Não basta dizer que não é de esquerda, nem de direita”, falou.
Com a prorrogação do prazo para o término das inscrições dos candidatos interessados em disputar o Paço Municipal para o dia 16 de novembro, a escolha pelo nome de Adão Villaverde ou de Raul Pont ainda sofrerá influencia das correntes do PT. Isso pode significar um consenso ou mesmo levar a decisão para o voto.
Correntes vão definir
De acordo com o deputado estadual Edegar Preto, da corrente Articulação de Esquerda, a decisão da reunião desta segunda-feira (7) foi de não escolher nomes imediatamente, mas, defender a necessidade de uma candidatura própria. “Acreditamos que o PT tem condições de disputar a eleição com chapa própria, mas temos que analisar a movimentação pensando no governo estadual também. Não podemos ir sozinhos. Temos que analisar a disposição dos dois candidatos e ver quem se aproxima mais disso”, falou.
Para o dirigente da corrente Esquerda Democrática, Marcelo Albuquerque, a posição está fechada em apoio ao deputado Raul Pont. “Diante das questões pessoais que impossibilitaram a candidatura do Henrique Fontana buscamos apoiar o Raul. O fundamental é ter candidatura própria devido a força do PT em Porto Alegre”, afirmou.
Sobre a rejeição do ex-prefeito de Porto Alegre, conforme indicou a pesquisa Kepeler/Sul21, Albuquerque disse que a atual vantagem das candidaturas de Manuela D´Ávila (PCdoB) e José Fortunati (PDT) se fortalece enquanto o PT não apresenta candidato. “Temos duas candidaturas já colocadas a tempo, isto dá vantagem e nos deixa mal na primeira avaliação. Mas, quando tivermos um nome temos como alterar este quadro. Existe um processo de mobilização de candidatura própria que tem mais de um ano junto a militância”, alertou.
Para o grupo Movimento PT, da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, a decisão ainda está aberta, mas caminha para o fortalecimento da ideia que o Raul Pont representa na base do PT. “A história recente mostrou que o primeiro grande passo para as vitórias do PT é ter uma unidade partidária. Caminhamos para uma candidatura própria mantendo a tradição histórica do PT em Porto Alegre. O Movimento PT foi a primeira a reivindicar isso”, fala Cícero Balestro. Segundo ele, como o grupo de Maria do Rosário tem peso, em razão do nome da ministra ser forte em Porto Alegre, a responsabilidade será ainda maior na decisão o Movimento PT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário!!