17 de novembro de 2011

PT quer evitar prévias, mas está longe de consenso em Porto Alegre

Confirmação da candidatura de Raul Pont ocorreu na quarta-feira e contou com presença de secretários de Estado, deputados estaduais e federais e vereadores de Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Rachel Duarte

Consenso é palavra de ordem entre os petistas gaúchos no que se refere à estratégia eleitoral para disputar a Prefeitura de Porto Alegre em 2012. As diversas correntes do PT no Rio Grande do Sul querem evitar as prévias e alcançar uma unidade até o dia 3 de dezembro, quando ocorre o congresso estadual da sigla. Porém, as divergências ainda impedem qualquer definição antes do dia do congresso, envolvendo a candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, e a do presidente do PT gaúcho, deputado estadual Raul Pont, que oficializou inscrição nesta quarta-feira (16).
O ato de inscrição do nome de Raul Pont na sede municipal do PT contou com a participação maciça de quadros petistas. Do governo Tarso Genro, seis secretários estavam representados: José Clóvis (Educação), Stela Farias (Administração), Luiz Fernando Mainardi (Agricultura), Marcelo Danéris (CDES-RS), Carlos Pestana (Casa Civil) e Estilac Xavier (Governo). Do legislativo, deputados estaduais e federais e também vereadores municipais.
“Nossa discussão sempre foi quem seria o candidato e nunca se teríamos candidato ou não”, disse a presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Sofia Cavedon, pedindo aos colegas de sigla uma reflexão sobre a transformação do processo político no Brasil e os impactos nos diretórios estaduais e municipais. “Precisamos ter nitidez para fazer a construção de alianças. Foi isto que ocorreu na eleição do Tarso Genro, que o Raul soube ter nitidez para auxiliar e saímos vitoriosos em primeiro turno”, argumentou.

Bruno Alencastro/Sul21
Marcelo Danéris: "O Fortunati fez uma opção por manter uma aliança mais conservadora. Ficaria completamente contraditório ir com o PDT para a eleição em Porto Alegre" | Foto: Bruno Alencastro/Sul21

No ato estiveram presentes os representantes da corrente Esquerda Democrática, do deputado federal Henrique Fontana e do secretário do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS), Marcelo Danéris. Ambos foram enfáticos ao voltar a afastar um risco que o PT defendia estar superado há tempo: apoiar a reeleição do atual prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT). “O PT não apoia o Fortunati porque não é a aliança correta para governar a cidade. O PDT é aliado do governo Tarso e do governo Dilma, mas a aliança que está com Fortunati na prefeitura e quer permanecer lá não é”, frisou Fontana.
“Ficaria completamente contraditório o PT fazer isso. O Fortunati fez uma opção por manter uma aliança mais conservadora. Nós juntamos o centro para ser à esquerda e ele à direita. Quando formamos a coligação para eleger o Tarso, ele (Fortunati) poderia ter se posicionado diferente. Agora não temos condições políticas de mudar nossa posição, nem ele irá abandonar essas alianças que estão com ele de uma hora para outra”, argumentou Danéris.

Decisão só no dia 3
 
A indefinição das correntes será diluída, de acordo com os representantes das correntes que ainda não se posicionaram, com a escolha do melhor projeto político e não do melhor nome. De acordo com os documentos entregues pelos pré-candidatos, Adão Villaverde diz representar “renovação, diálogo e ampliação” e Raul Pont fala na “retomada do projeto de governos anteriores do PT na capital gaúcha”. Em comum, ambas as candidaturas defendem que o PT não abrirá mão da candidatura própria, mas buscará os demais partidos da base de sustentação do governo Tarso para uma aliança.

Raul Pont, que homologou sua pré-candidatura na quarta-feira, diz que disputa para concorrer não é de cunho pessoal: "É mais do que a perfumaria de criar manchete para jornal" | Ramiro Furquim/Sul21

Na avaliação do presidente do PT gaúcho, Raul Pont, o consenso deve sair até o dia do congresso, para evitar desgastes no processo eleitoral ou para o governo estadual. Ele pede engajamento do bloco de apoio ao seu nome dentro do PT para conquistar as demais tendências do partido. “Não se trata de uma disputa pessoal, de quem tem mais possibilidade de voto. Estamos disputando um projeto que seja o mais próximo da democracia participativa e de um projeto de governo que promova avanços tecnológicos para a cidade e serviços públicos de qualidade na saúde, na educação. É mais do que a perfumaria de criar manchete para jornal”, falou.
Falando em nome do presidente da Assembleia Legislativa do RS, Adão Villaverde, o vereador Carlos Comassetto disse que “a candidatura do Villaverde dará a todas as correntes voto e vez. Também representa uma renovação em relação aos nomes já apresentados pelo PT, que sempre giram em torno do Olívio (Dutra), Tarso (Genro) e Raul (Pont)”.

Divulgação
Carlos Commasetto (segundo da esq para dir) falou em nome de Adão Villaverde: "Se o PDT aceitar ser nosso vice, por que não?" | Foto: Divulgação

Segundo Comassetto, o processo de construção do PT no governo estadual está associado à conquista da prefeitura de Porto Alegre e o nome que pode conquistar a eleição em 2012 deve ser um candidato aberto as alianças com pequenos e grandes partidos. “A nossa será uma candidatura que tem clareza de que precisa de alianças. Nós defendemos uma aliança que busque os pequenos e também o PTB, PSB, PCdoB. E se o PDT aceitar ser nosso vice, por que não?”, afirmou.
A corrente  PT de Luta e Massas, do secretário de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira e da vereadora Maria Celeste, após extensa reunião no feriado do 15 de novembro, não decidiu sua posição. “Ainda teremos outra conversa de fôlego nesta quinta-feira (17), mas estamos em debate. A decisão por algum nome se dará em cima de um projeto e só no dia do Congresso”, alerta Fabiano Pereira.
Com representatividade de 5% da militância, o PT de Luta e Massas deve ser um dos fieis da balança, junto com a corrente da ministra Maria do Rosário, a Movimento PT. “Nós fomos o primeiro a defender a candidatura própria, ainda em abril. Continuamos convictos que esta é a tese correta. Mas, sabemos da nossa responsabilidade. Queremos chegar a uma unidade, acho que temos espaço para fazer isso até o dia 3”, disse o representante da corrente, Cícero Balestro.

Se depender do engajamento de Aldacir Oliboni (segundo da dir para esq), o Movimento PT deve fechar com candidatura de Villaverde | Foto: Eduardo Quadros/ALRS

“Time que não joga perde a torcida”

Apesar de não se posicionar oficialmente, o Movimento PT pode estar mais próximo de optar pelo nome de Adão Villaverde se depender do engajamento do vereador Aldacir Oliboni. Nesta quarta-feira (16), ele esteve ao lado dos vereadores Adeli Sell, Carlos Comassetto e Mauro Pinheiro para apoiar o nome do presidente do legislativo estadual dentro do PT. Oliboni disse que não só defende o nome de Villaverde junto aos petistas e a sua corrente, como está trabalhando fortemente pela pré-candidatura do presidente da Assembleia Legislativa por “coerência política”.
Outro fator que pode influenciar em favor da decisão pelo nome de Villaverde dentro da corrente Movimento PT é a retribuição do apoio dado pelo campo político de Villaverde a candidatura da ministra Maria do Rosário, quando ela disputou a prefeitura de Porto Alegre na última eleição. “Não podemos ter o governo federal, estadual e ficar com uma ilha isolada em Porto Alegre”, disse o vereador Carlos Comassetto.
Já a nova corrente do PT, liderada pela deputada Miriam Marroni e os prefeitos Jairo Jorge (Canoas) e Gilmar Rinaldi (Esteio), teve reunião nesta quarta-feira (16) e também não chegou a um consenso sobre qual posição tomar. “Ainda vamos conversar, não temos porque ter pressa. Ainda tem posições divergentes dentro do grupo. Nesta sexta-feira (18) temos novo encontro”, disse um dos integrantes do Novo Movimento Político do PT, Alexandre Mayer.
O secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, da corrente PT Amplo, mesma do governador Tarso Genro, disse que não estava convencido de que o melhor caminho seria a candidatura própria no começo das discussões do PT, mas compareceu no ato em apoio ao nome de Raul Pont. “A candidatura do Raul é de esquerda. Temos que valorizar os governos petistas que tivemos na capital e colocar o 13 entre os eleitores. Time que não joga perde a torcida”, compara.

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