
Confirmação  da candidatura de Raul Pont ocorreu na quarta-feira e contou com  presença de secretários de Estado, deputados estaduais e federais e  vereadores de Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Rachel Duarte
Consenso é palavra de ordem entre os petistas gaúchos no que se  refere à estratégia eleitoral para disputar a Prefeitura de Porto Alegre  em 2012. As diversas correntes do PT no Rio Grande do Sul querem evitar  as prévias e alcançar uma unidade até o dia 3 de dezembro, quando  ocorre o congresso estadual da sigla. Porém, as divergências ainda  impedem qualquer definição antes do dia do congresso, envolvendo a  candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, e a  do presidente do PT gaúcho, deputado estadual Raul Pont, que  oficializou inscrição nesta quarta-feira (16).
O ato de inscrição do nome de Raul Pont na sede municipal do PT  contou com a participação maciça de quadros petistas. Do governo Tarso  Genro, seis secretários estavam representados: José Clóvis (Educação),  Stela Farias (Administração), Luiz Fernando Mainardi (Agricultura),  Marcelo Danéris (CDES-RS), Carlos Pestana (Casa Civil) e Estilac Xavier  (Governo). Do legislativo, deputados estaduais e federais e também  vereadores municipais.
“Nossa discussão sempre foi quem seria o candidato e nunca se  teríamos candidato ou não”, disse a presidente da Câmara de Vereadores  de Porto Alegre, Sofia Cavedon, pedindo aos colegas de sigla uma  reflexão sobre a transformação do processo político no Brasil e os  impactos nos diretórios estaduais e municipais. “Precisamos ter nitidez  para fazer a construção de alianças. Foi isto que ocorreu na eleição do  Tarso Genro, que o Raul soube ter nitidez para auxiliar e saímos  vitoriosos em primeiro turno”, argumentou.

Marcelo  Danéris: "O Fortunati fez uma opção por manter uma aliança mais  conservadora. Ficaria completamente contraditório ir com o PDT para a  eleição em Porto Alegre" | Foto: Bruno Alencastro/Sul21
No ato estiveram presentes os representantes da corrente Esquerda  Democrática, do deputado federal Henrique Fontana e do secretário do  Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS),  Marcelo Danéris. Ambos foram enfáticos ao voltar a afastar um risco que o  PT defendia estar superado há tempo: apoiar a reeleição do atual  prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT). “O PT não apoia o  Fortunati porque não é a aliança correta para governar a cidade. O PDT é  aliado do governo Tarso e do governo Dilma, mas a aliança que está com  Fortunati na prefeitura e quer permanecer lá não é”, frisou Fontana.
“Ficaria completamente contraditório o PT fazer isso. O Fortunati fez  uma opção por manter uma aliança mais conservadora. Nós juntamos o  centro para ser à esquerda e ele à direita. Quando formamos a coligação  para eleger o Tarso, ele (Fortunati) poderia ter se posicionado  diferente. Agora não temos condições políticas de mudar nossa posição,  nem ele irá abandonar essas alianças que estão com ele de uma hora para  outra”, argumentou Danéris.
Decisão só no dia 3
A indefinição das correntes será diluída, de acordo com os  representantes das correntes que ainda não se posicionaram, com a  escolha do melhor projeto político e não do melhor nome. De acordo com  os documentos entregues pelos pré-candidatos, Adão Villaverde diz  representar “renovação, diálogo e ampliação” e Raul Pont fala na  “retomada do projeto de governos anteriores do PT na capital gaúcha”. Em  comum, ambas as candidaturas defendem que o PT não abrirá mão da  candidatura própria, mas  buscará os demais partidos da base de  sustentação do governo Tarso para uma aliança.

Raul  Pont, que homologou sua pré-candidatura na quarta-feira, diz que  disputa para concorrer não é de cunho pessoal: "É mais do que a  perfumaria de criar manchete para jornal" | Ramiro Furquim/Sul21
Na avaliação do presidente do PT gaúcho, Raul Pont, o consenso deve  sair até o dia do congresso, para evitar desgastes no processo eleitoral  ou para o governo estadual. Ele pede engajamento do bloco de apoio ao  seu nome dentro do PT para conquistar as demais tendências do partido.  “Não se trata de uma disputa pessoal, de quem tem mais possibilidade de  voto. Estamos disputando um projeto que seja o mais próximo da  democracia participativa e de um projeto de governo que promova avanços  tecnológicos para a cidade e serviços públicos de qualidade na saúde, na  educação. É mais do que a perfumaria de criar manchete para jornal”,  falou.
Falando em nome do presidente da Assembleia Legislativa do RS, Adão  Villaverde, o vereador Carlos Comassetto disse que “a candidatura do  Villaverde dará a todas as correntes voto e vez. Também representa uma  renovação em relação aos nomes já apresentados pelo PT, que sempre giram  em torno do Olívio (Dutra), Tarso (Genro) e Raul (Pont)”.

Carlos  Commasetto (segundo da esq para dir) falou em nome de Adão Villaverde:  "Se o PDT aceitar ser nosso vice, por que não?" | Foto: Divulgação
Segundo Comassetto, o processo de construção do PT no governo  estadual está associado à conquista da prefeitura de Porto Alegre e o  nome que pode conquistar a eleição em 2012 deve ser um candidato aberto  as alianças com pequenos e grandes partidos. “A nossa será uma  candidatura que tem clareza de que precisa de alianças. Nós defendemos  uma aliança que busque os pequenos e também o PTB, PSB, PCdoB. E se o  PDT aceitar ser nosso vice, por que não?”, afirmou.
A corrente  PT de Luta e Massas, do secretário de Justiça e Direitos  Humanos, Fabiano Pereira e da vereadora Maria Celeste, após extensa  reunião no feriado do 15 de novembro, não decidiu sua posição. “Ainda  teremos outra conversa de fôlego nesta quinta-feira (17), mas estamos em  debate. A decisão por algum nome se dará em cima de um projeto e só no  dia do Congresso”, alerta Fabiano Pereira.
Com representatividade de 5% da militância, o PT de Luta e Massas  deve ser um dos fieis da balança, junto com a corrente da ministra Maria  do Rosário, a Movimento PT. “Nós fomos o primeiro a defender a  candidatura própria, ainda em abril. Continuamos convictos que esta é a  tese correta. Mas, sabemos da nossa responsabilidade. Queremos chegar a  uma unidade, acho que temos espaço para fazer isso até o dia 3”, disse o  representante da corrente, Cícero Balestro.

Se  depender do engajamento de Aldacir Oliboni (segundo da dir para esq), o  Movimento PT deve fechar com candidatura de Villaverde | Foto: Eduardo  Quadros/ALRS
“Time que não joga perde a torcida”
Apesar de não se posicionar oficialmente, o Movimento PT pode estar  mais próximo de optar pelo nome de Adão Villaverde se depender do  engajamento do vereador Aldacir Oliboni. Nesta quarta-feira (16), ele  esteve ao lado dos vereadores Adeli Sell, Carlos Comassetto e Mauro  Pinheiro para apoiar o nome do presidente do legislativo estadual dentro  do PT. Oliboni disse que não só defende o nome de Villaverde junto aos  petistas e a sua corrente, como está trabalhando fortemente pela  pré-candidatura do presidente da Assembleia Legislativa por “coerência  política”.
Outro fator que pode influenciar em favor da decisão pelo nome de  Villaverde dentro da corrente Movimento PT é a retribuição do apoio dado  pelo campo político de Villaverde a candidatura da ministra Maria do  Rosário, quando ela disputou a prefeitura de Porto Alegre na última  eleição. “Não podemos ter o governo federal, estadual e ficar com uma  ilha isolada em Porto Alegre”, disse o vereador Carlos Comassetto.
Já a nova corrente do PT, liderada pela deputada Miriam Marroni e os  prefeitos Jairo Jorge (Canoas) e Gilmar Rinaldi (Esteio), teve reunião  nesta quarta-feira (16) e também não chegou a um consenso sobre qual  posição tomar. “Ainda vamos conversar, não temos porque ter pressa.  Ainda tem posições divergentes dentro do grupo. Nesta sexta-feira (18)  temos novo encontro”, disse um dos integrantes do Novo Movimento  Político do PT, Alexandre Mayer.
O secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando  Mainardi, da corrente PT Amplo, mesma do governador Tarso Genro, disse  que não estava convencido de que o melhor caminho seria a candidatura  própria no começo das discussões do PT, mas compareceu no ato em apoio  ao nome de Raul Pont. “A candidatura do Raul é de esquerda. Temos que  valorizar os governos petistas que tivemos na capital e colocar o 13  entre os eleitores. Time que não joga perde a torcida”, compara.
 
 
 
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