A quantidade de jovens empregados cresceu no Brasil nos últimos cinco anos, ao contrário do que ocorreu em boa parte do mundo.
A taxa de desempregabilidade brasileira considerada “notável”
pela Organização Mundial do Trabalho (OIT), caiu de 21,8% para 15,2%
entre 2007 e 2011. Os dados fazem parte do conjunto de dados do
relatório Tendências Mundiais do Emprego Juvenil 2012, que projeta para
este ano o desemprego de cerca de 75 milhões de jovens, o que
corresponde a 12,7% da parcela mundial dessa população.
O estudo da organização constatou que há estagnação no mercado de
trabalho desde 2008, como consequência da crise econômica. A atual taxa
de desemprego mundial é praticamente igual à de 2009, quando houve o
pico de desemprego juvenil, após uma tendência de queda entre 2005 e
2008 – período em que aproximadamente 7 milhões de jovens entraram no
mercado de trabalho.
A queda do desemprego juvenil no Brasil faz que o País esteja com
taxa inferior à de países desenvolvidos, inclusive da União Europeia,
que deve chegar a 18% neste ano. Na América Latina e Caribe, a média de
desemprego dessa população está em torno de 14,3%, com previsão de
chegar a 14,6% até 2016.
De acordo com a professora de administração da Universidade de
Brasília (UnB), Débora Barem, o Brasil não sofreu as consequências da
crise econômica mundial com a mesma intensidade que outros países.
“Estamos em franco crescimento econômico e produtivo. Os empresários e
as indústrias estão investindo e contratando mais gente. É natural que
haja menos desemprego e eu acredito que isso vá se perpetuar”, explica
Débora.
Segundo o relatório da OIT, a falta oportunidade a profissionais
jovens faz que eles procurem trabalhos temporários, de baixa
produtividade, em que executam funções aquém de suas capacidades e
recebem salários mais baixos do que o desejado. O estudo ainda constatou
que capacitação e níveis mais altos de educação não necessariamente são
convertidos em melhores empregos e mercados de trabalho mais
eficientes.
Em todo o mundo, cresce a quantidade de jovens no grupo dos Neet
(sigla em inglês para: sem estar estudando, trabalhando ou em
treinamento). Estima-se que 10% de toda a população juvenil esteja nessa
situação.
“O sistema econômico não tem prioritariamente orientação para
empregar, mas para competir. Essa competitividade exige formação cada
vez mais sofisticada dos jovens, mas o mercado não tem compromisso com
isso. A pessoa pode se aperfeiçoar, mas o mercado só os assume se tem
vaga. Existe um descompasso entre a necessidade de se empregar e a
disponibilidade do mercado”, diz o professor emérito da UnB e sociólogo
Pedro Demo.
As consequências desse excesso de mão de obra e escassez de demanda
por empregados são mudanças de perspectivas profissionais, sociais,
financeiras e psicológicas, informou o relatório da organização. O
estudo aponta que pessoas desempregadas em algum momento da juventude
tendem a ter salários entre 8,4% (homens) e 13% (mulheres) mais baixos
no futuro.
De acordo com a OIT, os países podem adotar políticas para minimizar
os efeitos da falta de emprego entre jovens, como políticas de
crescimento macroeconômico, concessão de benefícios para contratação
(incentivos fiscais ou subsídios, por exemplo), estratégias de proteção
social, parcerias entre os setores público, privado e a sociedade civil e
fortalecimento do banco de informações sobre essa parcela do mercado de
trabalho.
As regiões em desenvolvimento com as piores perspectivas de
desemprego entre jovens, segundo a OIT, são o Norte da África, seguido
do Oriente Médio – com 27,8% e 26,9%, respectivamente. O Leste Asiático é
a região com o melhor índice para 2012, 9,3%.
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