O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já responde por um terço dos ingressos de estudantes em cursos presenciais das universidades federais.
É o que revela o estudo “Resumo Técnico do Censo da Educação
Superior”, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), com base em dados de 2010. Naquele ano, 79,5 mil
dos (31,7%) dos 251 mil novos alunos das instituições federais foram
selecionados por meio do Enem. Na Região Sul, esse percentual chega aos
44,2%.
Somados todos os ingressos ao terceiro grau—em faculdades públicas e
particulares, a prova foi responsável pela seleção de 15,4% dos novos
universitários, em 2010. As universidades têm autonomia para decidir se
utilizam ou não a nota na prova do Enem como critério de seleção. Os
estudantes selecionados em processos que usam exclusivamente o Enem —
como o da Universidade Federal do Rio de Janeiro — já representam 54,27%
dos novos alunos de universidades federais. Outras universidades que
aderiram ao exame o utilizam apenas parcialmente, como a Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), onde a prova conta como primeira fase no
processo de seleção.
Segundo o estudo do Inep, os resultados sugerem que “o Enem contribui
consideravelmente na organização dos processos seletivos realizados por
instituições privadas.
ProUni
Nas universidades particulares, o Enem é obrigatório para os
candidatos que ingressam pelo Universidade Para Todos (ProUni), programa
de incentivos fiscais para instituições pagas, como contrapartida à
oferta de bolsas de estudos a alunos oriundos do ensino público. Como
Kelly Cristina Quintiliano, que deve concluir no final deste ano o curso
de Direito na Universidade Bandeirantes (Uniban), em Osasco (SP), na
condição de bolsista integral.
Mãe de dois adolescentes de 13 e 14 anos e responsável pela criação
de uma sobrinha, a servidora pública Kelly fez a prova do Enem em 2007
e, no ano seguinte, iniciou o curso de direito. “Não tinha condições
financeiras de arcar com o custo da faculdade, então precisava da
bolsa”, declarou ela ao Portal Brasil. A bolsa integral e o horário das
aulas foram fundamentais para que ela pudesse estudar. “A dificuldade
não é só a questão financeira, é que as universidades públicas também
têm um horário que dificulta trabalhar. Consegui nota para entrar em
Direito na Universidade de São Paulo (USP), mas o horário
impossibilitava que eu continuasse trabalhando, ficava difícil conseguir
um emprego que fosse compatível o horário das aulas”.
Também entrevistado pelo portal Brasil, Aurélio Cabral David dos
Santos está formado em fisioterapia, aos 25 anos, pela Universidade
Católica de Brasília. O curso concluído em 2011 exigia dedicação total
do tempo e não permitia que o então estudante trabalhasse. Como bolsista
integral, Aurélio cursou gratuitamente Fisioterapia, porque conseguiu a
nota necessária no Enem para acessar o ProUni.
Kelly Quintiliano e Aurélio dos Santos compartilham a opinião de que o
ProUni é um facilitador da entrada e permanência na universidade e
também sobre a preservação da privacidade. O fisioterapeuta afirma que
não sentiu nenhuma diferença e teve os mesmos benefícios.
Cotas
Sobre a condição de bolsista, é facultado apenas ao estudante dar
publicidade aos colegas e professores. “A faculdade não expõe quem é
bolsista ou não. Se você não fala, as pessoas não sabem, nem os
professores sabem. Muitos ficaram sabendo porque algumas pessoas eram
contra as cotas raciais no ProUni e eu quis defender o programa.
Consegui entrar pela nota no Enem e por ser afrodescendente”, afirma a
estudante de Direito. Das mais de um milhão de bolsas concedidas pelo
ProUni, 504.957 foram para pessoas pretas ou pardas.
Aurélio dos Santos encara o programa como um investimento que o
Estado faz não apenas para benefício dos estudantes, mas toda a
sociedade e economia brasileira. “Eu acredito que isso vai ajudar a
nação, porque o investimento mais importante é a educação. O ProUni é um
investimento a longo prazo e eu acredito que é por isso que o Brasil
tem tido um crescimento exponencial, passou de uma economia frágil para
forte”, afirma ele.
O ProUni foi criado em 2004 e já concedeu bolsas integrais e parciais
(de 50% do valor da mensalidade) a mais de um milhão de estudantes em
cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em
instituições privadas de educação superior. O Ministério da Educação é o
responsável pelo programa e pelo Enem, meio de acesso à iniciativa pelo
número de pontos alcançados. São 537.502 bolsistas do sexo feminino e
505.849 do masculino.
(Site PT no Senado)
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