10 de maio de 2012

Quadro eleitoral fica mais cristalino em Porto Alegre e campanha se intensifica


Samir Oliveira
As peças do tabuleiro político de Porto Alegre se movimentam com rapidez neste mês de maio. A exatos 152 dias das eleições de 7 de outubro, quase todas as candidaturas estão consolidadas e o arco de alianças começa a ficar cada vez mais definido.
Até o momento, quem conta com o maior leque de apoios é o prefeito José Fortunati (PDT), que tenta a reeleição junto com PMDB, PTB, PPS, PRB, PMN, PTdoB, PRTB e PRP. A deputada federal Manuela D’Ávila atraiu para seu palanque o PSB, o PSD e o PSC. E o deputado estadual Adão Villaverde (PT) já está coligado com o PV, o PPL e o PTC.
Os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto compartilham uma lacuna em comum: a falta de um vice. No caso de Fortunati, o problema foi praticamente resolvido com a adesão do PMDB ao seu palanque. O partido tem a preferência na aliança majoritária e deve indicar o nome do vereador Sebastião Melo para a vaga.
No front comunista o caso é um pouco mais complicado, já que Manuela está guardando o posto de vice para o PP. O problema é que o partido só irá decidir a quem se aliará em Porto Alegre no mês de junho.

A maior parceira da deputada entre os progressistas é a senadora Ana Amélia Lemos, que trabalha intensamente para diluir as resistências à coligação no diretório da sigla na Capital. O chefe de gabinete da senadora, Marco Aurélio Ferreira, vem fazendo contatos com os integrantes do PP em Porto Alegre e garante que a tendência pró-Fortunati não é mais tão majoritária quanto antes.
“Se dizia que estavam fechados com o prefeito, mas o quadro não é bem esse”, observa. A bancada federal do partido já declarou apoio à Manuela e os deputados estaduais devem fazer o mesmo nos próximos dias. O PP já apresenta, inclusive, quatro nomes para o palanque comunista: o diretor do Trensurb, Ney Michelucci, um dos coordenadores do curso de Direito da Unisinos, Miguel Wedy, o advogado especialista em Direito Eleitoral Gustavo Paim e o vereador Newton Braga Rosa.
A decisão oficial do PP de Porto Alegre ocorrerá no dia 11 de junho, pelo voto dos 100 integrantes do diretório. Até lá, a ala afinada com Ana Amélia espera convencer a maioria dos correligionários a apoiar Manuela. Caso não consiga a adesão dos progressistas, a pré-candidata destinará a vaga de vice ao PSD – que deseja indicar o vereador Nelcir Tessaro ao cargo.
PV indicou quatro nomes para vaga de vice na chapa encabeçada por Adão Villaverde | Foto: Ramiro Furquim/Sul2

PT espera por apoio do PR
 
No palanque petista, Villaverde deve ceder a vaga de vice ao PV, primeiro aliado a confirmar apoio ao deputado. Os verdes apresentam quatro nomes para a função: o presidente do diretório porto-alegrense, Giovani Carminatti, o ex-candidato ao governo do Estado, Montserrat Martins, o vocalista da banda Chimarruts, Rafael Machado e Nelson Vasconcellos, que abriu mão de concorrer para possibilitar a aliança.
O PT também espera atrair o PR para o palanque na Capital. Os dois partidos já estão juntos em Brasília e no Palácio Piratini. O presidente do PR em Porto Alegre, Arlindo Bonetti, afirma que a sigla está conversando com todos os pré-candidatos e tomará uma decisão ainda neste mês.
O fator predominante para a atração do partido é a garantia de espaço na disputa à Câmara dos Vereadores. O apoio do PR é bastante cobiçado, pois o partido possui 36 deputados federais e o tamanho da bancada na Câmara dos Deputados é o critério que define o tempo de televisão que cada legenda terá na propaganda eleitoral gratuita.
PSDB e DEM tentam fechar parceria, mas disputa interna entre tucanos atrasa processo
Até o anúncio oficial do PMDB em apoio a José Fortunati, a centro-direita e a direita gaúchas acreditavam na possibilidade de formar uma grande frente que fizesse oposição aos candidatos da esquerda e da centro-esquerda. O grupo seria formado por PMDB, PP, PSDB, DEM e PPS – partidos que fazem oposição ao governador Tarso Genro (PT).

Um dos entusiastas dessa união é o presidente estadual do PMDB, Ibsen Pinheiro. Ele considera que, como os três melhores colocados em Porto Alegre pertencem a partidos que estão na base de apoio do Palácio Piratini, o governador será o grande vitorioso destas eleições. Ibsen acredita que essa conjuntura despreza boa parte do eleitorado na Capital, notadamente, as pessoas que fizeram com que José Serra (PSDB) vencesse a disputa na cidade durante o primeiro e o segundo turno em 2010.
Com a adesão do PMDB e do PPS ao palanque pedetista, a ideia de reunir esse espectro político sob o mesmo teto ruiu. Resta agora a tentativa de uma parceria entre o DEM e o PSDB. O acordo já está praticamente firmado, mas disputas internas entre os tucanos travam a oficialização da aliança. O deputado federal Nelson Marchezan Júnior, presidente do PSDB gaúcho, deve ser o escolhido pelo partido para concorrer na Capital, mas enfrenta a resistência da ala vinculada à ex-governadora Yeda Crusius.
Yeda apadrinhou a pré-candidatura do advogado Wambert Di Lorenzo – católico ligado à Opus Dei. Nos bastidores, a avaliação de aliados de Marchezan é que a ex-governadora fez esse movimento para impedir que seu inimigo político ganhe exposição e possa conquistar um segundo mandato em 2014. Lideranças tucanas acreditam que Yeda deseja concorrer a uma vaga à Câmara dos Deputados e, por isso, estaria tentando desestabilizar a projeção de Marchezan.
O deputado federal não esconde o desconforto com a situação e lamenta a possibilidade de uma decisão ser tomada somente em junho – quando o candidato a prefeito seria decidido no voto pelo diretório da Capital. Marchezan diz que as lideranças nacionais do PSDB estão insatisfeitas com a indefinição de Porto Alegre. “A executiva nacional não entende por que o PSDB de Porto Alegre ainda não tomou uma decisão”, comenta.
As lideranças do DEM no Rio Grande do Sul veem com bons olhos uma aliança com os tucanos e estão apenas aguardando uma posição oficial do diretório porto-alegrense. O deputado estadual Paulo Borges é o pré-candidato ao Paço Municipal, mas está disposto a abrir mão da cabeça de chapa e ser vice de Marchezan.
Extrema-esquerda já tem candidatos, mas PCB tenta reeditar frente com PSTU e PSOL
Os partidos políticos mais à esquerda estão bastante adiantados na definição de candidaturas e estratégias para a eleição municipal em Porto Alegre. O PSOL concorrerá com Roberto Robaina, ex-presidente estadual da sigla e ex-candidato ao Palácio Piratini. E o PSTU lança o presidente do Sindicaixa-RS, Érico Correa, que era filiado ao PSOL.

O PCB ainda não definiu oficialmente um nome para disputar o Paço Municipal. Os comunistas ainda têm esperanças de reeditar a chamada Frente de Esquerda em conjunto com o PSTU e o PSOL. “Estamos abrindo uma discussão com esses partidos que têm uma luta histórica anticapitalista e anti-imperialista. Nossa proposta é compor de novo a Frente de Esquerda”, explica o secretário político do PCB no Rio Grande do Sul, Paulo Sanches.
Ele assegura que as conversas não condicionam à desistência de alguma das duas candidaturas já postas. “A questão não é abrir mão de cargos ou nomes. Nossa discussão é programática”, afirma.
Até o momento, quatro pesquisas já dimensionaram o quadro em Porto Alegre
Até esta quinta-feira (10), já foram divulgadas quatro pesquisas de intenção de voto sobre o quadro eleitoral em Porto Alegre. A primeira pesquisa foi feita pelo Instituto Kepeler a pedido do Sul21. No primeiro cenário estimulado, Manuela D’Ávila liderava com 30,2% e José Fortunati estava com 28,2%. Adão Villaverde aparecia em quarto lugar, com 5,7%, atrás de Nelson Marchezan Júnior, que tinha 6,5%.
A segunda pesquisa foi feita pelo Instituto Methodus a pedido do jornal Correio do Povo. No primeiro cenário estimulado, Fortunati liderava com 33,5% e Manuela aparecia logo abaixo, com 31,3%. Adão Villaverde apresentava 10% das intenções de voto.
A terceira pesquisa foi divulgada pelo jornal Zero Hora e realizada pelo Ibope. No primeiro cenário estimulado, Manuela liderava com 37% e Fortunati vinha atrás com 28%. Villaverde aparecia em quinto lugar, com apenas 2%, atrás de Paulo Borges (6%) e Ibsen Pinheiro (4%). Essa pesquisa optou por não mostrar o partido político ao lado do nome dos candidatos.
A mais recente pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (9) pela revista Voto e foi elaborada pela Vox Populi. No primeiro cenário estimulado, Fortunati lidera com 38%, Manuela aparece com 31% e Villaverde fica em terceiro lugar, com 8% das intenções de voto.
O relatório completo da pesquisa divulgada pela revista Voto demonstra, ainda, o grau de aceitação e de rejeição dos partidos políticos na disputa por Porto Alegre. O PT aparece na liderança da simpatia, com 22%, atrás do PDT, com 8% e do PMDB, com 3%. Nesse quesito, o PCdoB fica com 2%. Mas também no índice de rejeição o PT lidera, com 13%, seguido pelo PMDB, com 3% e pelo PSDB, com 3%. Em termos de rejeição, o PCdoB fica com 1%.

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