Samir Oliveira
As peças do tabuleiro político de Porto Alegre se movimentam com
rapidez neste mês de maio. A exatos 152 dias das eleições de 7 de
outubro, quase todas as candidaturas estão consolidadas e o arco de
alianças começa a ficar cada vez mais definido.
Até o momento, quem conta com o maior leque de apoios é o prefeito
José Fortunati (PDT), que tenta a reeleição junto com PMDB, PTB, PPS,
PRB, PMN, PTdoB, PRTB e PRP. A deputada federal Manuela D’Ávila atraiu
para seu palanque o PSB, o PSD e o PSC. E o deputado estadual Adão
Villaverde (PT) já está coligado com o PV, o PPL e o PTC.
Os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de
voto compartilham uma lacuna em comum: a falta de um vice. No caso de
Fortunati, o problema foi praticamente resolvido com a adesão do PMDB ao
seu palanque. O partido tem a preferência na aliança majoritária e deve
indicar o nome do vereador Sebastião Melo para a vaga.
No front comunista o caso é um pouco mais complicado, já que Manuela
está guardando o posto de vice para o PP. O problema é que o partido só
irá decidir a quem se aliará em Porto Alegre no mês de junho.
A maior parceira da deputada entre os progressistas é a senadora Ana
Amélia Lemos, que trabalha intensamente para diluir as resistências à
coligação no diretório da sigla na Capital. O chefe de gabinete da
senadora, Marco Aurélio Ferreira, vem fazendo contatos com os
integrantes do PP em Porto Alegre e garante que a tendência
pró-Fortunati não é mais tão majoritária quanto antes.
“Se dizia que estavam fechados com o prefeito, mas o quadro não é bem
esse”, observa. A bancada federal do partido já declarou apoio à
Manuela e os deputados estaduais devem fazer o mesmo nos próximos dias. O
PP já apresenta, inclusive, quatro nomes para o palanque comunista: o
diretor do Trensurb, Ney Michelucci, um dos coordenadores do curso de
Direito da Unisinos, Miguel Wedy, o advogado especialista em Direito
Eleitoral Gustavo Paim e o vereador Newton Braga Rosa.
A decisão oficial do PP de Porto Alegre ocorrerá no dia 11 de junho,
pelo voto dos 100 integrantes do diretório. Até lá, a ala afinada com
Ana Amélia espera convencer a maioria dos correligionários a apoiar
Manuela. Caso não consiga a adesão dos progressistas, a pré-candidata
destinará a vaga de vice ao PSD – que deseja indicar o vereador Nelcir
Tessaro ao cargo.
PT espera por apoio do PR
No palanque petista, Villaverde deve ceder a vaga de vice ao PV,
primeiro aliado a confirmar apoio ao deputado. Os verdes apresentam
quatro nomes para a função: o presidente do diretório porto-alegrense,
Giovani Carminatti, o ex-candidato ao governo do Estado, Montserrat
Martins, o vocalista da banda Chimarruts, Rafael Machado e Nelson
Vasconcellos, que abriu mão de concorrer para possibilitar a aliança.
O PT também espera atrair o PR para o palanque na Capital. Os dois
partidos já estão juntos em Brasília e no Palácio Piratini. O presidente
do PR em Porto Alegre, Arlindo Bonetti, afirma que a sigla está
conversando com todos os pré-candidatos e tomará uma decisão ainda neste
mês.
O fator predominante para a atração do partido é a garantia de espaço
na disputa à Câmara dos Vereadores. O apoio do PR é bastante cobiçado,
pois o partido possui 36 deputados federais e o tamanho da bancada na
Câmara dos Deputados é o critério que define o tempo de televisão que
cada legenda terá na propaganda eleitoral gratuita.
PSDB e DEM tentam fechar parceria, mas disputa interna entre tucanos atrasa processo
Até o anúncio oficial do PMDB em apoio a José Fortunati, a
centro-direita e a direita gaúchas acreditavam na possibilidade de
formar uma grande frente que fizesse oposição aos candidatos da esquerda
e da centro-esquerda. O grupo seria formado por PMDB, PP, PSDB, DEM e
PPS – partidos que fazem oposição ao governador Tarso Genro (PT).
Um dos entusiastas dessa união é o presidente estadual do PMDB, Ibsen
Pinheiro. Ele considera que, como os três melhores colocados em Porto
Alegre pertencem a partidos que estão na base de apoio do Palácio
Piratini, o governador será o grande vitorioso destas eleições. Ibsen
acredita que essa conjuntura despreza boa parte do eleitorado na
Capital, notadamente, as pessoas que fizeram com que José Serra (PSDB)
vencesse a disputa na cidade durante o primeiro e o segundo turno em
2010.
Com a adesão do PMDB e do PPS ao palanque pedetista, a ideia de
reunir esse espectro político sob o mesmo teto ruiu. Resta agora a
tentativa de uma parceria entre o DEM e o PSDB. O acordo já está
praticamente firmado, mas disputas internas entre os tucanos travam a
oficialização da aliança. O deputado federal Nelson Marchezan Júnior,
presidente do PSDB gaúcho, deve ser o escolhido pelo partido para
concorrer na Capital, mas enfrenta a resistência da ala vinculada à
ex-governadora Yeda Crusius.
Yeda apadrinhou a pré-candidatura do advogado Wambert Di Lorenzo –
católico ligado à Opus Dei. Nos bastidores, a avaliação de aliados de
Marchezan é que a ex-governadora fez esse movimento para impedir que seu
inimigo político ganhe exposição e possa conquistar um segundo mandato
em 2014. Lideranças tucanas acreditam que Yeda deseja concorrer a uma
vaga à Câmara dos Deputados e, por isso, estaria tentando desestabilizar
a projeção de Marchezan.
O deputado federal não esconde o desconforto com a situação e lamenta
a possibilidade de uma decisão ser tomada somente em junho – quando o
candidato a prefeito seria decidido no voto pelo diretório da Capital.
Marchezan diz que as lideranças nacionais do PSDB estão insatisfeitas
com a indefinição de Porto Alegre. “A executiva nacional não entende por
que o PSDB de Porto Alegre ainda não tomou uma decisão”, comenta.
As lideranças do DEM no Rio Grande do Sul veem com bons olhos uma
aliança com os tucanos e estão apenas aguardando uma posição oficial do
diretório porto-alegrense. O deputado estadual Paulo Borges é o
pré-candidato ao Paço Municipal, mas está disposto a abrir mão da cabeça
de chapa e ser vice de Marchezan.
Extrema-esquerda já tem candidatos, mas PCB tenta reeditar frente com PSTU e PSOL
Os partidos políticos mais à esquerda estão bastante adiantados na
definição de candidaturas e estratégias para a eleição municipal em
Porto Alegre. O PSOL concorrerá com Roberto Robaina, ex-presidente
estadual da sigla e ex-candidato ao Palácio Piratini. E o PSTU lança o
presidente do Sindicaixa-RS, Érico Correa, que era filiado ao PSOL.
O PCB ainda não definiu oficialmente um nome para disputar o Paço
Municipal. Os comunistas ainda têm esperanças de reeditar a chamada
Frente de Esquerda em conjunto com o PSTU e o PSOL. “Estamos abrindo uma
discussão com esses partidos que têm uma luta histórica anticapitalista
e anti-imperialista. Nossa proposta é compor de novo a Frente de
Esquerda”, explica o secretário político do PCB no Rio Grande do Sul,
Paulo Sanches.
Ele assegura que as conversas não condicionam à desistência de alguma
das duas candidaturas já postas. “A questão não é abrir mão de cargos
ou nomes. Nossa discussão é programática”, afirma.
Até o momento, quatro pesquisas já dimensionaram o quadro em Porto Alegre
Até esta quinta-feira (10), já foram divulgadas quatro pesquisas de
intenção de voto sobre o quadro eleitoral em Porto Alegre. A primeira pesquisa foi feita pelo Instituto Kepeler a pedido do Sul21.
No primeiro cenário estimulado, Manuela D’Ávila liderava com 30,2% e
José Fortunati estava com 28,2%. Adão Villaverde aparecia em quarto
lugar, com 5,7%, atrás de Nelson Marchezan Júnior, que tinha 6,5%.
A segunda pesquisa foi feita pelo Instituto Methodus a pedido do jornal Correio do Povo.
No primeiro cenário estimulado, Fortunati liderava com 33,5% e Manuela
aparecia logo abaixo, com 31,3%. Adão Villaverde apresentava 10% das
intenções de voto.
A terceira pesquisa foi divulgada pelo jornal Zero Hora
e realizada pelo Ibope. No primeiro cenário estimulado, Manuela
liderava com 37% e Fortunati vinha atrás com 28%. Villaverde aparecia em
quinto lugar, com apenas 2%, atrás de Paulo Borges (6%) e Ibsen
Pinheiro (4%). Essa pesquisa optou por não mostrar o partido político ao
lado do nome dos candidatos.
A mais recente pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (9) pela revista Voto
e foi elaborada pela Vox Populi. No primeiro cenário estimulado,
Fortunati lidera com 38%, Manuela aparece com 31% e Villaverde fica em
terceiro lugar, com 8% das intenções de voto.
O relatório completo da pesquisa divulgada pela revista Voto demonstra,
ainda, o grau de aceitação e de rejeição dos partidos políticos na
disputa por Porto Alegre. O PT aparece na liderança da simpatia, com
22%, atrás do PDT, com 8% e do PMDB, com 3%. Nesse quesito, o PCdoB fica
com 2%. Mas também no índice de rejeição o PT lidera, com 13%, seguido
pelo PMDB, com 3% e pelo PSDB, com 3%. Em termos de rejeição, o PCdoB
fica com 1%.
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