Da Redação
No dia 22 de dezembro de 1988, o Brasil perdia uma de suas lideranças mais destacadas, o seringueiro e líder sindical Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes. Ele foi assassinado com um tiro de escopeta na porta de sua casa em Xapuri, no Acre, por dois fazendeiros, pai e filho, que foram condenados pelo homicídio.
Defensor dos povos da floresta, Chico Mendes combatia os fazendeiros que desmatavam extensas áreas de terra para a criação de gado. A profissão de seringueiro ele herdou do pai. Chico só aprendeu a ler aos 20 anos, já que na maioria dos seringais as escolas não eram prioridade para os proprietários de terras.
Em 1975, Chico Mendes começou a atuar como líder sindical e no ano seguinte começou a participar dos chamados “empates”, manifestações pacíficas em que os seringueiros buscavam impedir o corte de árvores, colocando-se à frente de tratores e serras elétricas. Chico Mendes também militava pela criação de reservas extrativistas no Acre.
Em 1977, participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e foi eleito vereador pelo MDB. Quando assumiu seu mandato, as ameaças de morte tiveram início. Um dos fundadores do PT, em 1980, Chico Mendes tornou-se dirigente da legenda no Acre. Em duas oportunidades — em 1982 e 1986 — foi candidato a deputado estadual, mas não conseguiu se eleger.
O líder dos seringueiros organizou o Primeiro Encontro Nacional de Seringueiros, cujo resultado foi a criação do Conselho Nacional de Seringueiros e da proposta de “União dos Povos da Floresta”, que visava defender os interesses e direitos dos habitantes da floresta por meio da criação de reservas extrativistas.
Esta proposta buscava unir os interesses dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco babaçu e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservam as áreas indígenas e a floresta, além de ser um instrumento da reforma agrária desejada pelos seringueiros.
Além das ameaças de morte, Chico Mendes enfrentava diversos processos que tentavam frear suas lutas, além de pressão por parte da ditadura que o acusava de subversão. Em 1980, foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros da região. Em 1984, foi acusado de incitar posseiros à violência. Foi absolvido das duas acusações. Chico Mendes também foi submetido a duros interrogatórios, mas sem apoio, não conseguiu registrar denúncias de tortura.
A notícia de seu assassinato teve repercussão internacional em função de Mendes ter recebido em 1987, em Xapuri, uma comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) a fim de demonstrara a devastação causada na floresta por empresas financiadas pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Mendes também foi ao Senado dos Estados Unidos expor a situação. Como resultado, o repasse dos financiamentos foram suspensos para essas empresas, fato que provocou a ira por parte dos fazendeiros que o acusavam de ser contra o desenvolvimento econômico da região.
No mesmo ano, ele recebeu vários prêmios por sua atuação em defesa do meio ambiente, sendo um deles, o “Global 500”, entregue pela ONU.
A tensão em Xapuri aumentou quando o fazendeiro Darly Alves da Silva decidiu desmatar o seringal Cachoeira, que havia sido desapropriado para a criação de uma reserva extrativista. Mendes liderou o “empate” no terreno. Com a desapropriação, aumentaram as ameaças. Em diversas ocasiões, Mendes denunciou que vinha sendo ameaçado, e por causa das denúncias, um mandado de prisão chegou a ser emitido para Darly Alves da Silva, mas ele foi informado antes de a polícia chegar e conseguiu fugir.
Após o homicídio, organizações sindicais, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas formaram o Comitê Chico Mendes para cobrar por justiça.
Em dezembro de 1990, aconteceu o julgamento de pai e filho – Darly Alves da Silva e Darcy Alves Ferreira. Silva foi condenado como mandante e Ferreira, como autor do crime. Sentenciados a 19 anos de prisão, fugiram em 1993. Silva se escondeu em um assentamento do Incra em Medicilândia, no Pará. Em 1996, os dois foram detidos novamente. Três anos depois, Silva conquistou o direito de cumprir sua pena em prisão domiciliar, e Ferreira, em regime semiaberto no presídio da Papuda, em Brasília.
Em 2008, a Justiça anistiou Chico Mendes, perseguido durante a ditadura (1964-1985) por suas atividades sindicais, e sua viúva passou a receber uma indenização retroativa de R$ 337 mil, além de R$ 3 mil mensais.
Com informações do Wikipedia e iG
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