Rachel Duarte
Na tentativa de trazer de volta para Porto Alegre o Fórum Social Mundial (FSM), os movimentos sociais organizam uma programação intensa para os fóruns descentralizados que ocorrerão na capital e Região Metropolitana de 24 a 29 de janeiro de 2012. Dois ingredientes especiais deverão nortear os debates e oficinas do evento: a conjuntura de crise econômica mundial e a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20. A intenção é solidificar um relatório com definições sobre a crise capitalista e a justiça social e ambiental no mundo para entregar à Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta terça-feira (20), o Comitê Organizador Municipal de Porto Alegre (COM-POA) lançou o site e a rádio que vão transmitir a programação do evento.
O Fórum Social Temático 2012 terá abertura nostálgica, com a realização da tradicional marcha dos movimentos sociais que abriu as edições do Fórum Social Mundial em Porto Alegre. O trajeto será o mesmo, saindo do Centro até a orla do Guaíba. Ao final da caminhada, apresentações musicais no Anfiteatro Pôr-do-Sol. Durante os dias de FST acontecerão cerca de duas mil oficinas, espalhadas pelo Cais Mauá, Jardim Botânico, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e no Acampamento da Juventude, no Parque Harmonia. Também está prevista a realização de seminários, conferências e palestras.
“Também vamos ter a feira de Economia Solidária e a Aldeia da Paz, exemplos de sustentabilidade ambiental e social. Diversos povos e movimentos estarão representados nestes dias, buscando saídas para as diversas crises do atual cenário mundial”, explica um dos integrantes do COM-POA, Lélio Falcão.
Os Grupos Temáticos se encontrarão em Porto Alegre nos primeiros dias (25 e 26 de janeiro de 2012) para a sistematização dos debates do FST. Nos dias seguintes (27 e 28 de janeiro de 2012) haverá articulação dos vários diálogos entre si ao redor de quatro eixos transversais, que são: fundamentos éticos e filosóficos: subjetividade, dominação e emancipação; direitos humanos, povos, territórios e defesa da Mãe-Terra; produção, distribuição e consumo: acesso à riqueza, bens comuns e economia de transição; sujeitos políticos, arquitetura de poder e democracia.
“São temas que discutimos há anos”, defende a coordenadora do FST, Jane Argolo. “Lutamos para ser o contraponto dos demais eventos que discutem a economia mundial, como o Fórum Econômico realizado em Davos, na Suíça. Creio que o FSM já tem o reconhecimento internacional de um espaço democrático de discussões. Além de realizar os fóruns temáticos, vamos reivindicar o retorno do FSM para Porto Alegre em 2013. Aqui foi onde surgiu o evento, em 2001, temos estrutura para sediá-lo”.
A intenção é reunir durante o FST mais de 100 mil pessoas. As inscrições para as oficinas podem ser feitas até dia 6 de janeiro no site, bem como as reservas na hospedagem solidária e cadastro de voluntários e dos interessados no Acampamento Intercontinental da Juventude.
O 11º Fórum Social Mundial (FSM) ocorreu este ano em Dakar, capital do Senegal, no continente africano. A última edição mundial do FSM, em Porto Alegre, ocorreu em 2005. Em 2010, a Capital gaúcha sediou um dos fóruns paralelos, marcando os dez anos do evento que nasceu no Rio Grande do Sul devido às experiências de participação direta, como o Orçamento Participativo, prática de gestão incorporada depois por centenas de cidades em todo o mundo.
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