Por Guilherme Zimmermann
No  dia 29 de outubro de 2011, a assessoria do ex-presidente da  república  Luis Inácio Lula da Silva, informou que este fora  diagnosticado com um  câncer na laringe. A notícia causou alvoroço e  comoção dentro e fora do  país. Por decisão do próprio ex-presidente,  buscou-se tratar a questão  da doença de maneira a divulgá-la com  transparência e acima de tudo,  respeito e consideração à população.  Inúmeros foram os pronunciamentos  de autoridades nacionais e  internacionais desejando a ele sucesso no  tratamento e melhora  imediata.
Nos portais de relacionamentos, redes sociais e por toda a  internet  diversas mensagens de apoio e carinho ao ex-presidente foram   propagadas. Porém, nem tudo “foram rosas”. Não demorou e logo começaram a   “pipocar nas redes” mensagens no sentido oposto, verdadeiras   demonstrações de ódio e de ignorância, indo desde a exigência que Lula   se tratasse na rede pública, através do Sistema Único de Saúde – SUS,   até comemorações por ele estar doente. Gilberto Dimenstein, colunista da   Folha de São Paulo, ao abordar o tema, classificou tais atos como “uma   enxurrada de ataques desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando   prazer com a tragédia de um ser humano”.
Após os primeiros estágios do tratamento do câncer, houve um   retrocesso nos ataques ao ex-presidente Lula. Assim, acreditava que tais   demonstrações carregadas de sentimentos negativos haviam sido deixadas   para trás, superadas, talvez, pela consciência de que antes da figura   pública e política existe o ser humano.
No entanto, tristemente, vejo que me equivoquei. De fato as   agressões contra o ex-presidente Lula deixaram de ser destaque na   internet e nas redes sociais. Mas isso não em razão das pessoas que   alvejavam as críticas terem se solidarizado com o sofrimento alheio, mas   sim, apenas pelo curso normal da vida, aonde outros assuntos mais   recentes vão ganhando relevância.
Percebi isso em razão do acidente que meu pai, prefeito do  Município  de Novo Hamburgo, sofreu no dia 29 de janeiro do presente ano  ao  mergulhar no rio Tramandaí.     Como filho, cidadão hamburguense,   cientista político e militante partidário, eu não estava preparado para o   que aconteceria para além da fratura na sua coluna cervical.
O acidente da figura pública e política Tarcísio Zimmermann   despertou “perto de casa” um fenômeno similar ao do câncer do Lula,   guardadas, é claro, as devidas proporções. No dia do acidente eu mal   conseguia atender todas as ligações e responder as mensagens de apoio,   que desejavam melhoras, queriam notícias e informações a respeito do   quadro clínico do meu pai.
Hoje, passada quase uma semana do ocorrido, ele se recupera no   Hospital Regina da cirurgia que foi submetido a fim de estabilizar a   fratura e promover, com mais segurança e rapidez, a sua recuperação.   Contudo, aqui em Novo Hamburgo, estamos tendo que conviver com mensagens   similares às disparadas contra o ex-presidente, exigindo do prefeito   que realizasse seu tratamento no hospital municipal, via SUS. Além   disso, disseminando inverdades a respeito das razões pelas quais o   procedimento não foi realizado no hospital municipal, chegando ao ponto   de afirmar o absurdo de que isso se deu em razão da altura do paciente.
Ainda que o Sistema Único de Saúde não oferte todas as  condições de  qualidade e conforto que gostaríamos, injusto seria ocupar  uma vaga  junto ao Hospital Municipal tirando, por exemplo, o espaço de  alguém  que dispõe exclusivamente do SUS. Meu pai, meu irmão e eu somos   dependentes do plano de saúde que minha mãe dispõe através da empresa em   que trabalha há quase 20 anos.
Fica aqui, acima de tudo, meu desabafo e a preocupação com a   repercussão e o direcionamento que um assunto tão sério pode tomar.   Pois, é preciso lembrar que antes da figura pública está a pessoa comum,   feita de carne e osso. Alguém, assim como você e eu, que tem pessoas   próximas, que tem uma companheira, filhos, amigos, sentimentos e   emoções.
Felizmente, correu tudo bem e se colocarmos na “balança”,  veremos  que as mensagens de apoio, carinho e preocupação superam e muito  as  mensagens de cunho negativo, desrespeitoso e mesquinho. Estas apenas   demonstram a “pequenez” de algumas pessoas, sua desinformação e   amargura. Agradeço, de coração, a todos que manifestaram suas   preocupações, mandaram mensagens de carinho, cuidado e de melhoras.
Guilherme Zimmermann é cientista político e graduando de Direito.
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário!!