
Beto  Albuquerque entregou os editais ao secretário-adjunto de Administração e  Recursos Humanos, Leonardo Kauer Zinh | Foto: Alina Souza/Palácio  Piratini
Felipe Prestes
O Governo do Estado anunciou nesta quarta-feira (8) que vai lançar  editais para a concessão de estações rodoviárias em 280 cidades gaúchas  até o mês de março. As atuais estações funcionam com concessões  vencidas. “É a adoção de política pública necessária, há muitos anos não  viabilizada e que nosso governo viabilizou com apoio de instituições e  poderes, a partir da força-tarefa”, afirmou o secretário de  Infraestrutura, Beto Albuquerque. Entre as rodoviárias que terão  licitação está a de Porto Alegre.
Durante entrevista coletiva, o secretário entregou à Central de  Compras do Estado (Cecom) os sete primeiros editais, das cidades de  Cerro Largo, Garibaldi, Horizontina, Nova Prata, Pinheiro Machado, São  Francisco de Paula e São Sebastião do Caí. Beto Albuquerque explicou que  o tema se tornou prioritário para a força-tarefa de reestruturação do  Daer após o diagnóstico de que a falta de licitações para concessão de  estações rodoviárias era a maior causa de ações contra o departamento e  seus servidores.
Havia 36 ações civis públicas contra o Estado, que também já tinha  contra si 78 ações judiciais transitadas em julgado cobrando licitação  para estações. Algumas destas decisões já estavam sendo desrespeitadas  pelo governo estadual há mais de três anos e, em muitos casos, isto  causava prejuízo aos cofres públicos, porque o Estado precisava pagar  multas diárias pelo descumprimento da lei.
As cidades prioritárias para o lançamento de editais serão estas 78  com sentenças transitadas em julgado demandando a licitação. “É uma  homenagem ao MP e ao Judiciário gaúchos, que até então, infelizmente,  estavam sendo ignorados”, disse o secretário.
Apenas 47 rodoviárias no RS estão com suas situações regulares.  Trinta e dois são em pequenos municípios, cujas licitações foram feitas  pelo Governo Yeda. Outras 15 têm contrato até 2015.
Albuquerque afirmou que as licitações são uma “resposta à sociedade  gaúcha”. Ele ressaltou que 11,5% do valor das passagens vão para as  estações, bem como 15% do valor das encomendas. Segundo o secretário,  estes valores permitiriam serviços mais qualificados aos usuários, que  estarão entre as exigências dos editais.

Secretário  entende que não é preciso indenizar proprietários de prédios das  estações rodoviárias | Foto: Alina Souza/Palácio Piratini
Edital exige melhorias nos prédios e venda de passagens
O secretário explicou que o Governo vai conversar com as prefeituras,  vereadores e comunidades dos municípios para definir se os locais das  estações devem ser mantidos e ouvir sugestões. Os editais conterão as  exigências do Estado e também um valor mínimo de outorga.
O diretor de Transportes Rodoviários do Daer, Saul Sastre, explicou  que entre as exigências estão melhorias nos prédios, como acessibilidade  e salas de espera melhores. “As pessoas passam frio em rodoviárias  gaúchas no inverno”, disse. Ele ressaltou também que as rodoviárias  precisarão se integrar para que o usuário possa comprar ida e volta  juntas, o que hoje é impossível.
O prazo de concessão será de 15 anos prorrogável por mais cinco.  Atualmente existem rodoviárias que são controladas pelo mesmo  concessionário há mais de 50 anos. Caso o Daer defina que a estação  rodoviária de uma cidade será mantida na mesma sede, o secretário Beto  Albuquerque entende que mesmo sendo privado, o prédio deverá ficar com o  concessionário que vencer a licitação. “Não tem indenização, este valor  já foi pago pela população”. O procurador-geral do Estado, Carlos  Henrique Kaipper, porém, ressaltou que isto deve ser analisado “caso a  caso”. “É preciso avaliar os contratos”, pontuou.

"Rodoviária  de Porto Alegre está muito abaixo do que uma capital pode ter", afirma  secretário | Foto: Alina Souza/Palácio Piratini
Licitação para Porto Alegre tem início em fevereiro
O processo de licitação para a Estação Rodoviária de Porto Alegre  terá início ainda no mês de fevereiro, com o lançamento de uma proposta  de manifestação de interesse. O Governo vai detalhar o que quer para a  estação e os interessados terão 90 dias para propor soluções. Depois  disto, haverá uma disputa que deve ser no sistema de pregão, como o  Governo Federal fez com os aeroportos. O secretário evitou dar um prazo  para a conclusão do processo licitatório.
“Queremos soluções para todo o complexo”, disse Beto Albuquerque. Ele  explicou que entre as melhorias que devem ser feitas estão a integração  com o futuro metrô, que passará a cerca de 200 metros dali. “O cidadão  terá que ir até lá sem tomar banho de chuva e sem ter que passar no meio  dos carros”, afirmou. A ligação com o Trensurb também precisará ser  feita sem que o usuário “tome banho de chuva”. Outra questão a ser  resolvida também é a falta de estacionamento, que poderá ser solucionada  com estacionamento subterrâneo, e o local para os táxis, que hoje é  confuso e também proporciona, segundo o secretário, “banhos de chuva”.
Uma das questões centrais é a de comércio e serviços. “A rodoviária  atende bem os usuários, mas está muito abaixo do que uma capital pode  ter. Há rodoviárias que são melhores que muitos aeroportos, como as de  Campinas e São Paulo, no Tietê. Nossa ideia é atrair investidores que  queiram, mais do que vender passagens e despachar encomendas, resolver o  problema estrutural do que pode ser um shopping, um grande centro de  convivência”, disse Albuquerque. Outro item importante é a implantação  da venda eletrônica de bilhetes. “É inaceitável que não tenhamos”.
Albuquerque garantiu que a sede da Rodoviária, no centro da Capital,  será mantida. “Aquela região morreria economicamente se a Rodoviária  saísse dali e é de preferência dos usuários que vêm do Interior na  madrugada estarem próximos da cidade. É possível ter toda a solução onde  ela está”, disse.
 
 
 
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