Rachel Duarte
Enquanto a direita se movimenta no Rio Grande do Sul para tentar formar um bloco de oposição para lançar uma candidatura competitiva em Porto Alegre, a esquerda retoma os diálogos com os partidos que elegeram Tarso Genro governador. Nesta terça-feira (28), a bancada petista na Câmara de Vereadores de Porto Alegre definiu manter reuniões sistemáticas com o pré-candidato do PT ao Paço Municipal, deputado estadual Adão Villaverde. A intenção é aproveitar o acúmulo dos parlamentares com o cotidiano da cidade para municiar a pré-candidatura de Villaverde. Sobre possíveis mudanças nas estratégias de coligação, o coordenador da campanha petista diz que “não há espaço para mudanças no primeiro turno”.
Pelo menos por enquanto, Adeli Sell confirma que nem a aproximação esperada pelo PCdoB para apoiar Manuela D’Ávila nem a reeleição de José Fortunati (PDT) com uma eventual saída do PMDB estão sendo cogitadas. “Até o momento, digo que vamos com Villaverde até o final”, afirmou.
No possível segundo turno, Adeli Sell disse que não imagina formar aliança com um PCdoB aliado com o Partido Progressista, da senadora Ana Amélia Lemos. Ele também acredita que o PT irá contar com o apoio do PSD, do deputado federal Danrlei de Deus, ainda no primeiro turno. “Ele está mais para coligar com o PT do que com qualquer outro. Em São Paulo temos um confronto, mas, há possibilidade de coligar em outros lugares. Aqui os vereadores do PSD tem batido sistematicamente no governo municipal e já disseram que não vão apoiar o Fortunati”, contextualiza.
Decisão judicial sobre tempo de TV pode diminuir peso do PSD
O destino do novo partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab ainda depende de uma decisão judicial. A legislação eleitoral sustenta que o tempo de TV é calculado conforme a bancada federal eleita pelos partidos. Caso em que o PSD não se enquadra. O partido ingressou na justiça e luta para agregar o tempo de TV dos deputados federais que aderiram à nova sigla por desfiliação partidária.
Partidos da base do governo e da oposição, em São Paulo, iniciaram esta semana uma ofensiva na Justiça Eleitoral para impedir que o PSD conquiste parcela maior do fundo partidário e tempo de televisão. DEM, PSDB, PPS, PMDB, PR, PMN, PTB e PP já têm pronta uma resposta ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra a redivisão do fundo e do espaço para propaganda dos partidos. As ações devem ser protocoladas até esta quarta-feira (29) e seguem um parecer do ex-ministro Paulo Brossard. De acordo com os partidos, o PSD só deve ter acesso ao benefício após as eleições de 2014, quando enfrentará as urnas.
Sem tempo de TV, o poder de fogo da legenda para 2012 diminui bastante, principalmente nos municípios que transmitem propaganda eleitoral gratuita. Este deve ter sido um dos temas do jantar do prefeito paulista Gilberto Kassab com os líderes do PSD na região Sul nesta segunda-feira (27). Por meio de assessoria de imprensa, o deputado federal e presidente do PSD-RS Danrlei de Deus disse que não foi falado em estratégia de eleições nos estados. “Apenas questões administrativas do partido. Qualquer decisão sobre coligações só vamos ter após a decisão sobre o tempo de TV”, falou a assessoria do parlamentar.
Bloco pela Unidade
Mesmo sem tanto poder de barganha, o PT acredita no poder de apoio do partido do ex-goleiro do Grêmio. O vereador Adeli Sell disse que os pequenos partidos também estão procurados. “Falei ontem (segunda-feira) com o PRTB. É um dos menores no RS, mas qualquer tempo de televisão e aliança é importante. Para fechar com o PRTB só falta acertar detalhes”, garante.
Na próxima terça-feira, 6, Adeli Sell conversa com o Partido Pátria Livre (PPL). “É um partido novo que apoiou a eleição de Tarso. A presidente da sigla, Mari Peruso, é adjunta na Casa Civil. É um partido com boa militância e incidência na juventude”, avalia.
Único vereador do PPL na Câmara de Porto Alegre, Toni Proença, diz que foi criado junto aos vereadores do PSD e PSB o Bloco pela Unidade. “A intenção é lutar pela base de apoio ao governo Tarso até o final. Nos demos conta de que apoiar o Fortunati não mudaria o cenário atual da cidade, então, queremos manter a unidade com o PCdoB e o PT, incluindo o PSD”, explicou.
A decisão do PPL é manter o compromisso assumido na eleição de Tarso Genro em manter a unidade do bloco de esquerda que governo o estado, de olho nas eleições de 2014. “Como talvez não teremos o apoio do PTB, temos que nos unir. Se no final do processo não tivermos a aliança entre o PCdoB e o PT, os partidos vão ter pelo menos uma campanha de diálogo e uma possibildiade de se juntar no segundo turno. O importante é não deixar seqüelas para 2014”, projeta.
O vereador do PSB, Airton Ferronato afirma que o apoio do partido à Manuela D´Ávila está selado, o que não impede a participação da sigla no Bloco pela Unidade. “Estamos formando um bloco na visão de que é possível o estreitamento de laços entre PT e PCdoB. Vivemos outro momento, poderíamos compor inclusive tendo o apoio do PP à Manuela”, afirma. Segundo o vereador, a deputada federal comunista irá conversar com os vereadores do bloco nesta quinta-feira, 1º de março, às 16 horas, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A conversa já deverá conter informações sobre o café que a pré-candidata irá tomar com a senadora Ana Amélia Lemos (PP) esta semana em Brasília.
O coordenador da campanha petista, vereador Adeli Sell diz que também irá tomar café com o PCdoB. Ele pretende encontrar o presidente da sigla no estado, Adalberto Frasson. A formação do bloco é vista como importante, mas a prioridade interna do PT é formar um bom programa de governo, fala Adeli Sell. “Já temos um pré-programa de segurança urbana e faremos o primeiro debate sobre tecnologia da informação nesta terça. Vamos apostar pesado na circulação e transporte. O sistema de ônibus está lotado e esgotado. É preciso melhorar corredores e ônibus bi-articulados, além de apressar a viabilização do metrô de Porto Alegre. Para isso, obras viárias também são necessárias”, adianta.
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