Rachel Duarte
Como no campo, alguns segundos mudaram o resultado da partida entre os que acreditavam e desacreditavam na assinatura do contrato entre a Andrade Gutierrez e o S.C Internacional. O que durou meses de negociação, se concretizou em menos de 30 segundos. Foi com caneta vermelha que o presidente colorado Giovanni Luigi e o presidente da AG, Otávio Azevedo, selaram o contrato que garante a reforma do estádio Beira-Rio até a Copa do Mundo de 2014. “Agora vamos começar as obras”, disse o representante da empreiteira, anunciando a retomada dos trabalhos em 48 horas.
O ato foi organizado de colorados para colorados. A entrada do salão nobre do Conselho Deliberativo do Inter estava em clima de festa, com grupos de torcedores que queriam testemunhar a tão adiada assinatura. Maquetes do futuro Beira-Rio estavam espalhadas pelo trajeto até o local da cerimônia e também na mesa das autoridades. Alguns torcedores mais fanáticos, como o ex-governador Olívio Dutra, chegaram a levar para casa a réplica do estádio que será entregue em um ano e meio.
Após a execução do hino nacional, todos se mantiveram de pé para a execução do hino do Internacional, o que causou algum desconforto na mesa. O prefeito de Porto Alegre José Fortunati (PDT), o presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Mauro Zacher (PDT), o secretário extraordinário da Copa 2014 na cidade, João Bosco Vaz, foram alguns dos que se mantiveram calados durante a ufanista cantoria.
Nos discursos oficiais, as autoridades não escondiam suas preferências clubísticas. “Eu, como colorado, sempre estive nas arquibancadas e hoje, posso estar aqui nesta mesa compartilhando deste momento histórico”, disse o vice-governador do Rio Grande do Sul, Beto Grill (PSB), em lágrimas. Chegando nos acréscimos, ao final da cerimônia, o governador Tarso Genro também fez questão de falar como colorado. “Eu digo que esta reforma e a realização da Copa em Porto Alegre dará mais visibilidade ao RS e será excelente para a nossa economia. Então, é uma boa notícia para todos os gaúchos”.
O presidente do Inter, Giovanni Luigi, fez questão de agradecer o apoio da ‘nação colorada’ e também da presidenta Dilma Rousseff e do governador gaúcho “que foram decisivos para a assinatura do contrato”. Como uma espécie de desabafo, ele fez questão de não esquecer os políticos de bastidores que auxiliaram na mediação da interminável negociação entre a AG e o Inter nos últimos meses. “Agradeço ao deputado Adão Villaverde e ao chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, que me deram uma ajuda pessoal para concretizar a negociação. E, ao prefeito José Fortunati pelos contatos diários que agilizaram o processo”, falou.
O presidente da AG, Otávio Azevedo também agradeceu ao governo federal, mas começou os agradecimentos pelas autoridades locais, entre elas o prefeito Fortunati, o presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Postal (PMDB), e o ex-governador gaúcho Olívio Dutra. “O presidente Giovanni Luigi é o protagonista deste momento. Conduziu com dignidade e competência a negociação. E, às vezes, foi duro na queda”, comentou, fazendo voltar à memória dos presentes na festa do desgaste de meses até a assinatura do contrato.
Na hora em que enfatizou que o banco BTG Pactual integrava a Sociedade de Propósito Específico (SPE) como investidor para a AG concretizar a reforma no estádio colorado, o empresário se perdeu no discurso e pediu desculpas. “É o nervosismo”, disse alguém da plateia.
Máquinas retomam trabalhos nesta quarta-feira
Após a solenidade que durou menos que o tempo regulamentar de um jogo, o presidente colorado seguiu para o Museu do Inter a fim de atender aos jornalistas. Foi objetivo, sem falar em quaisquer pressões, cansaço ou planos de voltar a viver com tranquilidade. Luigi focou-se nas contrapartidas do contrato e no cronograma de obras. Ele disse que estima ampliar a arrecadação do clube com as melhorias no Beira-Rio em até R$ 400 milhões.
A retomada das obras foi anunciada pelo presidente da AG para a próxima quarta-feira (21) com cerca de mil operários devem ser envolvidos. A metade demolida das sociais, deve ser completada na primeira etapa da reforma. Em um estágio mais avançado, a empreiteira aumentará o número de operários para aproximadamente 2,5 mil. A previsão de conclusão da reforma é dezembro de 2013.
Para ter o estádio reformado para a Copa do Mundo, o Inter dá como contrapartida R$ 26 milhões, dinheiro da venda do Estádio dos Eucaliptos, e reembolsará a Andrade Gutierrez em R$ 8 milhões, relativos a camarotes e suítes já comercializados e que por contrato agora são de exploração da construtora. Na contrapartida do Inter estão incluídos os R$ 14 milhões já investidos pelo clube nas fundações da cobertura, instaladas quando o Inter ainda tocava as obras com recursos próprios.
A partir da reforma, o Inter raras vezes treinará no Beira-Rio. Segundo o presidente Giovanni Luigi, em um prazo de 15 dias, dois campos de treinamentos serão entregues no Parque Gigante. Ao responder sobre as interdições do estádio no ano que vem para o rebaixamento do gramado, ele deu uma tirada de humor. “Aqui nos dicionários do Internacional não existe a palavra rebaixamento. Mas, falando sobre a troca do gramado, vamos priorizar o fechamento do estádio em épocas de recesso dos campeonatos ou no começo do Gauchão”, disse.
Com a entrega do estádio Beira-Rio reformado até dezembro de 2013, prazo dado pela Fifa para a preparação da Copa do Mundo, o clube espera comemorar mais um título internacional. “Nós somos o único clube a sediar duas copas”, falou Luigi recordando a realização da Copa do Mundo de 1950 no Estádio dos Eucaliptos.
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