13 de março de 2012

Ricardo Teixeira renuncia e não é mais presidente da CBF

Da Redação
Atualizado às 16h28

Marcello Casal JR/ABrO presidente da CBF, Ricardo Teixeira, renunciou nesta segunda-feira (12) ao controle da entidade máxima do futebol brasileiro. O dirigente também deixou o Comitê Organizador Local (COL) da Copa 2014. O anúncio foi feito por meio de uma carta, lida pelo seu sucessor José Maria Marin, um dos cinco vice-presidentes da CBF.

Na carta, Ricardo Teixeira diz que vai dedicar-se à família e a cuidar da saúde. Mesmo assim, ele colocou-se à disposição para “seguir colaborando com o futebol brasileiro”, caso convocado. Aproveitou também para dar algumas alfinetadas em seus críticos, dizendo que “presidir paixões” não é fácil.

“Futebol em nosso país é associado a talento e desorganização. Quando ganhava, era graças ao talento, quando perdia, imperava a desorganização”, lamenta. “Fiz o que estava a meu alcance, sacrificando a saúde e renunciando ao insubstituível convívio familiar. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias”, acrescenta o agora ex-presidente da CBF.

O novo presidente, José Maria Marin, assume em cumprimento do estatuto da CBF, que determina que o mais velho dentre os vice-presidente assuma o posto e cumpra o restante do mandato em caso de renúncia do presidente eleito. Marin, que seguirá no posto até 2014, traz algumas polêmicas no currículo. Recentemente, foi alvo de protestos após pegar para si uma medalha da Copa São Paulo de Futebol Júnior e escondê-la no bolso, durante a premiação. Mais tarde, o cartola alegou que a medalha foi uma cortesia da Federação Paulista de Futebol. O goleiro Matheus, do Corinthians, continua sem ter recebido a medalha pelo título conquistado.

Ricardo Teixeira acumula denúncias 

Teixeira presidia a Confederação Brasileira de Futebol há 23 anos, cargo que ocupou por indicação do então sogro João Havelange, e via-se envolvido em uma série de denúncias de irregularidades, tanto no Brasil quanto no exterior. Entre elas, consta a acusação de que o dirigente teria recebido, por meio de uma de suas empresas, cerca de R$ 9 milhões para promover, em 2008, o amistoso entre Brasil e Portugal, disputado no Distrito Federal.


Ricardo Teixeira também estaria envolvido em um esquema de recebimento de proprina pela FIFA, pago pela agência de marketing esportivo ISL. Teixeira seria um dos envolvidos, junto com o ex-presidente da FIFA João Havelange, e teria feito um acordo para assumir a culpa e pagar parte do dinheiro desviado, em troca de sigilo sobre sua identidade – acordo que está prestes a cair, após repetidas denúncias da imprensa internacional.

Os sinais de uma possível saída de Teixeira vinham se acumulando desde o final do ano passado, quando o dirigente nomeou o então presidente do Corinthians, Andres Sanchez, para ser diretor de seleções da entidade. Chamou para participação no COL os ex-jogadores Ronaldo e Bebeto, e em fevereiro demitiu o tio, Marco Antônio Teixeira, que ocupava a secretaria-geral da CBF desde o final dos anos 80. Recentemente, após tratamento de uma diverticulite, pediu licença médica por tempo indeterminado – um indicativo de sua intenção de abandonar definitivamente o comando da entidade.

Diante do anúncio do nome de José Maria Marin para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL) para a Copa do Mundo de 2014, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, divulgou nota reafirmando a cooperação com a entidade responsável pela organização do Mundial.

“Diante do anúncio da nova liderança do Comitê Organizador Local para a Copa do Mundo de 2014, o Ministério do Esporte reafirma sua determinação de continuar cooperando com a entidade responsável pela organização do Mundial. Seguiremos trabalhando em harmonia para o êxito das tarefas comuns necessárias ao sucesso do evento”, diz o texto assinado por Rebelo.

Romário: “exterminamos um câncer”

O deputado federal Romário (PSB-RJ), que vinha sendo um dos principais críticos de Teixeira no Congresso Nacional, comemorou a renúncia do dirigente – sem poupar, porém, o seu sucessor. “Hoje podemos comemorar. Exterminamos um câncer do futebol brasileiro”, alegrou-se Romário. “Espero que o novo presidente, José Maria Marin, o que furtou a medalha do jogador do Corinthians na Copa São Paulo de Juniores, não faça daquele ato uma constante na Confederação. Senão, teremos que exterminar a AIDS também”.
“Desejo boa sorte ao novo presidente e espero que a partir de hoje (acho muito difícil e quase impossível) a CBF dê uma nova cara para o nosso futebol”, segue Romário, em comunicado divulgado em sua página oficial no Facebook. E conclui: “Não só acredito, mas também espero, que uma limpeza geral deve ser feita na CBF. Só então, definitivamente, poderemos ficar tranquilos de que a mudança acontecerá em todos os sentidos”.

Com informações de Folha de S. Paulo, UOL Esporte, Agência Estado e Agência Brasil

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