Brasil tomará medidas para se proteger da guerra cambial, diz Dilma
Em visita à Alemanha, a presidente Dilma Rousseff voltou a criticar nesta segunda-feira (5) a “política monetária expansionista” dos países desenvolvidos e disse que a “massa monetária” produzida gera “bolha” e “especulação”. Ela disse que Brasil tomará “todas as medidas” para se proteger.
“Eu reconheço que [a política cambial] é um mecanismo de defesa, mas você ganha tempo só. O que o Brasil quer mostrar é que está em andamento uma forma concorrencial de proteção de mercado que é o câmbio, uma forma artificial de proteção do mercado. [...] Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger”, afirmou a presidente a jornalistas em Hannover, no lobby do hotel Luisenhof.
Perguntada sobre quais medidas poderiam ser tomadas, ela citou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras de (IOF), anunciado na semana passada, para reduzir a entrada de dólares no país.
A presidente voltou a afirmar também que as políticas cambiais geram um efeito “extremamente nocivo” sobre as economias emergentes, como o Brasil, ao “desvalorizar de forma artificial as moedas”.
“Eu acho que uma coisa importante é que os países desenvolvidos não só façam políticas expansionistas monetárias, mas façam políticas de expansão do investimento. Porque o investimento não só melhora a demanda interna, mas abre também a demanda externa para os nossos produtos.”
Ainda nesta segunda, Dilma se encontra com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. O tema do encontro será a crise financeira internacional. Conforme a agenda oficial da presidente, ela participa às 18h do horário local (14h de Brasília) da cerimônia de abertura da Feira Internacional das Tecnologias da Informação e das Comunicações, a Cebit. Na sequência, vai a jantar oferecido por Merkel e depois tem um encontro privado com a chanceler.
Tsunami monetário
Na semana passada, Dilma classificou de “tsunami monetário” provocado pelos países ricos a política monetária que prejudica a indústria. De acordo com o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, a presidente deverá conduzir a conversa com a chanceler alemã “no mesmo tom” em que vem se manifestando em relação à crise.
Nesta sexta-feira (2), Merkel chegou a dizer que entende as críticas feitas por Dilma. “De certa maneira, eu entendo as dúvidas dela. É por isso que vou tentar dizer a ela que planejamos perseguir reformas desta vez, que nós certamente não vamos adotar medidas semelhantes de novo”, declarou.
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